Cobra-do-milho
[1] Cobra-do-milho | |||||||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||||||
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [2] | |||||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||
Pantherophis guttatus Lineu, 1766 | |||||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||||
Sinónimos[3][4] | |||||||||||||||||
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A cobra-do-milho ou cobra-do-milharal (Pantherophis guttatus) é uma espécie norte-americana da subfamília Colubrinae que subjuga sua presa por constrição.[5][6] Pode ser encontrada pela região sudeste dos Estados Unidos. Sua natureza dócil, relutância a morder, tamanho médio como adulto, padrão atraente, e cuidado comparativamente simples fazem com qual são comumente mantidas como animais de estimação em relação a outras espécies. Apesar de, na superfície, parecerem com a venenosa Agkistrodon contortrix e serem comumente mortas como resultado deste erro de identificação, cobras-do-milho são inofensivas e beneficiais a humanos.[7] Cobras-do-milho não tem veneno funcional e ajudam a controlar populaçoes de roedores selvagens que danificam cultivo e propagam doença.[8]
A cobra-do-milho é conhecida como 'corn snake' em inglês pela presença regular da espécie perto de celeiros, onde se alimentam de camundongos e ratos que comem o milho armazenado.[9] O Dicionário da Oxford de Inglês cita o uso do termo já em 1675. Algumas fontes mantêm que a cobra-do-milho foi nomeada pelo padrão distinto, quase-xadrez, das escamas em sua barriga, assemelhando-se a grãos de milho.[10][11] Independentemente da origem do nome, a referência pode ser um mnemônico útil para a identificação de cobras-do-milho.
Características
[editar | editar código-fonte]Cobras-do-milho adultas tem um comprimento entre 61 e 182 cm.[11] Na natureza, geralmente vivem cerca de 6 a 8 anos, mas em cativeiro podem viver até 23 anos ou mais.[12] O recorde de idade para um cobra-do-milho em cativeiro foi 32 anos e 3 meses.[13] Elas podem ser distinguidas de Agkistrodon contortrix por suas cores mais vivas, forma delgada, pupilas redondas, e falta de fosseta labiais.[14]
Distribuição geográfica e habitat
[editar | editar código-fonte]Cobras-do-milho selvagens preferem habitats como campos cobertos, clareiras na floresta, árvores, flatwoods de palmetto, e prédios e fazendas abandonadas ou pouco-usadas, do nível do mar até alturas de 2000 metros. Tipicamente, estas cobras permanecem na terra até a idade de quatro meses, mas podem subir árvores, penhascos, e outras superfícies elevadas.[15] Podem ser encontradas na região sudeste dos Estados Unidos, de Nova Jérsia até as Florida Keys.
Em regiões mais frias, cobras hibernam durante o inverno. Contudo, no clima mais temperado ao longo da costa, elas se abrigam nas fendas de pedras e troncos caídos; também podem achar abrigo em espaços pequenos e fechados, como debaixo de uma casa, e sair em dias quentes para se aquecerem no calor do sol. Quando o tempo está frio, cobras são menos ativas, portanto caçam menos.
Comportamento
[editar | editar código-fonte]Como muitas espécies de Colubridae, cobras-do-milho exibem o comportamento defensivo de vibrarem suas caudas.[16] Estudos comportamentais e quimiossensoriais com cobras-do-milho sugerem que sinais de odor são primariamente importantes para a detectação da presa, enquanto que os de vista são secundários.[17][18]
Dieta
[editar | editar código-fonte]Cobras-do-milho são carnívoras e, na natureza, comem a cada poucos dias. Enquanto a maioria das cobras-do-milho comem roedores pequenos, como Peromyscus leucopus, elas podem também comer outros répteis ou anfíbios, ou subir árvores para achar ovos de pássaro não-vigiados.[19] Por isso, são consideradas uma espécie semi-arboreal.
Cobras Americanas da subfamília Colubrinae, como P. guttatus, tinham ancestrais venenosos, que perderam o seu veneno quando evoluíram constrição como uma maneira de capturar presas.[20]
Reprodução
[editar | editar código-fonte]Cobras-do-milho são relativamente fáceis de criar. Geralmente, criadores aguardam um período de 60 a 90 dias em brumação para prepará-las para procriar, no entanto não é estritamente necessário. Cobras-do-milho brumam a cerca de 10 a 16 °C em um lugar onde não podem ser incomodadas, e com pouca luz.
Cobras-do-milho geralmente procriam pouco depois do período de brumação. O macho corteja a fêmea primariamente usando sinais táteis e químicos. Se os ovos da fêmea forem fertilizados, ela começará a introduzir nutrientes nos ovos, e aí produzirá casca.
A postura dos ovos geralmente ocorre um pouco mais do que um mês após a procriação, com 12 a 24 sendo depositados em um local temperado, úmido, escondido. Após de ser botados, os ovos são abandonados pela cobra adulta, que não retorna a eles. Os ovos são oblongos com cascas de textura semelhante a couro, flexíveis. Cerca de 10 semanas após a postura, as cobras juvenís usam uma escama especializada conhecida como um dente de ovo para cortar frestas no ovo, do qual elas emergem com aproximadamente 15 cm em comprimento.
Classificação
[editar | editar código-fonte]Até 2002, a cobra-do-milho era considerada uma espécie com duas subespécies: a nomeada (P. g. guttatus), descrita aqui, e Pantherophis guttatus emoryi. Desde então, a última foi separada em sua própria espécie (P. emoryi) mas ainda é de vez em quando tratada como uma subespécie da cobra-do-milho por hobbyistas.
Já foi sugerido separar P. guttatus em três espécies: a cobra-do-milho (P. guttatus); Pantherophis emoryi, correspondendo com a subespécie; e Pantherophis slowinskii, ocorrendo no oeste de Louisana e adjacente ao Texas.[21]
Anteriormente, P. guttatus foi colocado no género Elaphe, mais Elaphe foi determinado como parafilético por Utiger et al., levando à classificação da espécie no género Pantherophis.[22] A mudança do género de está espécie e várias outras relacionadas para Pantherophis ao invés de Elaphe foi confirmada por estudos filogenéticos adicionais.[23][24] Muitos materiais de referência ainda usam o sinônimo Elaphe guttata.[25] Dados moleculares já mostraram que cobras-do-milho são mais estreitamente relacionadas com Lampropeltis do que Colubrinae do Velho Mundo, com as quais eram classificadas antigamente. Cobras-do-milho até já foram cruzadas em cativeiro com Lampropeltis californiae, produzindo híbridos férteis conhecidas como "jungle corn snakes",[26] ou, em português, "cobras-do-milho-da-selva".
Referências
- ↑ «Cobra do Milho – Informações Importantes». Cultura Mix. 2014. Consultado em 19 de junho de 2020
- ↑ Hammerson, G.A.; Echternacht, A (2007). «Pantherophis guttatus». Consultado em 22 de setembro de 2015
- ↑ Stejneger, Leonhard; Barbour, Thomas (1917). A Check List of North American Amphibians and Reptiles. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press. p. 82
- ↑ «Pantherophis guttatus». The Reptile Database
- ↑ Crother, Brian I.; et al. (2012). «Scientific and standard English names of amphibians and reptiles of North America north of Mexico, with comments regarding confidence in our understanding» (PDF). Checklist of the Standard English & Scientific Names of Amphibians & Reptiles 7.ª ed. Society for the Study of Amphibians and Reptiles. pp. 1–68
- ↑ Saviola, Anthony; Bealor, Matthew (2007). «Behavioural complexity and prey-handling ability in snakes: gauging the benefits of constriction». Behaviour. 144(8). Brill. pp. 907–929
- ↑ «Corn Snake - Pictures and Facts»
- ↑ Smith, Scott A. «Did Someone Say Snakes?». Consultado em 19 de agosto de 2013. Arquivado do original em 3 de agosto de 2013
- ↑ «FLMNH - Eastern Corn Snake (Pantherophis guttatus)»
- ↑ «PetCo Corn Snake Care Sheet» (PDF)
- ↑ a b «Corn Snake Fact Sheet». Smithsonian National Zoological Park. Arquivado do original em 19 de agosto de 2016
- ↑ Slavens, Frank; Slavens, Kate. «Elaphe guttata guttata». Arquivado do original em 24 de setembro de 2015
- ↑ «Corn Snake - Pantherophis guttatus». PetMD. Consultado em 19 de junho de 2020
- ↑ «Reptiles and Amphibians of Virginia». Virginia Herpetological Society
- ↑ Harcourt, Houghton M. (2003). Western Reptiles and Amphibians. Col: Peterson Field Guides 3.ª ed. [S.l.: s.n.] 533 páginas. ISBN 978-0-395-98272-3
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- ↑ Bartlett, Patricia; Bartlett, Richard D. (1996). Corn Snakes and Other Rat Snakes. Col: Complete Pet Owner's Manual. [S.l.: s.n.] 104 páginas. ISBN 978-0-7641-3407-4
- ↑ «Jungle Corn Snakes»