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Cobra-do-milho

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaCobra-do-milho[1]

Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [2]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Subordem: Serpentes
Família: Colubridae
Género: Pantherophis
Espécie: P. guttatus
Nome binomial
Pantherophis guttatus
Lineu, 1766
Distribuição geográfica

Sinónimos[3][4]
  • Coluber guttatus Lineu, 1766
  • Elaphis guttatus A. M. C. Duméril, Bibron & A. H. A. Duméril, 1854
  • Elaphe guttata Stejneger & Barbour, 1917
  • Pantherophis guttatus Utiger et al., 2002

A cobra-do-milho ou cobra-do-milharal (Pantherophis guttatus) é uma espécie norte-americana da subfamília Colubrinae que subjuga sua presa por constrição.[5][6] Pode ser encontrada pela região sudeste dos Estados Unidos. Sua natureza dócil, relutância a morder, tamanho médio como adulto, padrão atraente, e cuidado comparativamente simples fazem com qual são comumente mantidas como animais de estimação em relação a outras espécies. Apesar de, na superfície, parecerem com a venenosa Agkistrodon contortrix e serem comumente mortas como resultado deste erro de identificação, cobras-do-milho são inofensivas e beneficiais a humanos.[7] Cobras-do-milho não tem veneno funcional e ajudam a controlar populaçoes de roedores selvagens que danificam cultivo e propagam doença.[8]

A cobra-do-milho é conhecida como 'corn snake' em inglês pela presença regular da espécie perto de celeiros, onde se alimentam de camundongos e ratos que comem o milho armazenado.[9] O Dicionário da Oxford de Inglês cita o uso do termo já em 1675. Algumas fontes mantêm que a cobra-do-milho foi nomeada pelo padrão distinto, quase-xadrez, das escamas em sua barriga, assemelhando-se a grãos de milho.[10][11] Independentemente da origem do nome, a referência pode ser um mnemônico útil para a identificação de cobras-do-milho.

Características

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Cobras-do-milho adultas tem um comprimento entre 61 e 182 cm.[11] Na natureza, geralmente vivem cerca de 6 a 8 anos, mas em cativeiro podem viver até 23 anos ou mais.[12] O recorde de idade para um cobra-do-milho em cativeiro foi 32 anos e 3 meses.[13] Elas podem ser distinguidas de Agkistrodon contortrix por suas cores mais vivas, forma delgada, pupilas redondas, e falta de fosseta labiais.[14]

Distribuição geográfica e habitat

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Cobras-do-milho selvagens preferem habitats como campos cobertos, clareiras na floresta, árvores, flatwoods de palmetto, e prédios e fazendas abandonadas ou pouco-usadas, do nível do mar até alturas de 2000 metros. Tipicamente, estas cobras permanecem na terra até a idade de quatro meses, mas podem subir árvores, penhascos, e outras superfícies elevadas.[15] Podem ser encontradas na região sudeste dos Estados Unidos, de Nova Jérsia até as Florida Keys.

Em regiões mais frias, cobras hibernam durante o inverno. Contudo, no clima mais temperado ao longo da costa, elas se abrigam nas fendas de pedras e troncos caídos; também podem achar abrigo em espaços pequenos e fechados, como debaixo de uma casa, e sair em dias quentes para se aquecerem no calor do sol. Quando o tempo está frio, cobras são menos ativas, portanto caçam menos.

Comportamento

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Como muitas espécies de Colubridae, cobras-do-milho exibem o comportamento defensivo de vibrarem suas caudas.[16] Estudos comportamentais e quimiossensoriais com cobras-do-milho sugerem que sinais de odor são primariamente importantes para a detectação da presa, enquanto que os de vista são secundários.[17][18]

Em cativeiro, comendo um rato filhote

Cobras-do-milho são carnívoras e, na natureza, comem a cada poucos dias. Enquanto a maioria das cobras-do-milho comem roedores pequenos, como Peromyscus leucopus, elas podem também comer outros répteis ou anfíbios, ou subir árvores para achar ovos de pássaro não-vigiados.[19] Por isso, são consideradas uma espécie semi-arboreal.

Cobras Americanas da subfamília Colubrinae, como P. guttatus, tinham ancestrais venenosos, que perderam o seu veneno quando evoluíram constrição como uma maneira de capturar presas.[20]

Fêmea gravida
Bebês chocando de seus ovos

Cobras-do-milho são relativamente fáceis de criar. Geralmente, criadores aguardam um período de 60 a 90 dias em brumação para prepará-las para procriar, no entanto não é estritamente necessário. Cobras-do-milho brumam a cerca de 10 a 16 °C em um lugar onde não podem ser incomodadas, e com pouca luz.

Cobras-do-milho geralmente procriam pouco depois do período de brumação. O macho corteja a fêmea primariamente usando sinais táteis e químicos. Se os ovos da fêmea forem fertilizados, ela começará a introduzir nutrientes nos ovos, e aí produzirá casca.

A postura dos ovos geralmente ocorre um pouco mais do que um mês após a procriação, com 12 a 24 sendo depositados em um local temperado, úmido, escondido. Após de ser botados, os ovos são abandonados pela cobra adulta, que não retorna a eles. Os ovos são oblongos com cascas de textura semelhante a couro, flexíveis. Cerca de 10 semanas após a postura, as cobras juvenís usam uma escama especializada conhecida como um dente de ovo para cortar frestas no ovo, do qual elas emergem com aproximadamente 15 cm em comprimento.

Classificação

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Até 2002, a cobra-do-milho era considerada uma espécie com duas subespécies: a nomeada (P. g. guttatus), descrita aqui, e Pantherophis guttatus emoryi. Desde então, a última foi separada em sua própria espécie (P. emoryi) mas ainda é de vez em quando tratada como uma subespécie da cobra-do-milho por hobbyistas.

Já foi sugerido separar P. guttatus em três espécies: a cobra-do-milho (P. guttatus); Pantherophis emoryi, correspondendo com a subespécie; e Pantherophis slowinskii, ocorrendo no oeste de Louisana e adjacente ao Texas.[21]

Anteriormente, P. guttatus foi colocado no género Elaphe, mais Elaphe foi determinado como parafilético por Utiger et al., levando à classificação da espécie no género Pantherophis.[22] A mudança do género de está espécie e várias outras relacionadas para Pantherophis ao invés de Elaphe foi confirmada por estudos filogenéticos adicionais.[23][24] Muitos materiais de referência ainda usam o sinônimo Elaphe guttata.[25] Dados moleculares já mostraram que cobras-do-milho são mais estreitamente relacionadas com Lampropeltis do que Colubrinae do Velho Mundo, com as quais eram classificadas antigamente. Cobras-do-milho até já foram cruzadas em cativeiro com Lampropeltis californiae, produzindo híbridos férteis conhecidas como "jungle corn snakes",[26] ou, em português, "cobras-do-milho-da-selva".

Referências

  1. «Cobra do Milho – Informações Importantes». Cultura Mix. 2014. Consultado em 19 de junho de 2020 
  2. Hammerson, G.A.; Echternacht, A (2007). «Pantherophis guttatus». Consultado em 22 de setembro de 2015 
  3. Stejneger, Leonhard; Barbour, Thomas (1917). A Check List of North American Amphibians and Reptiles. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press. p. 82 
  4. «Pantherophis guttatus». The Reptile Database 
  5. Crother, Brian I.; et al. (2012). «Scientific and standard English names of amphibians and reptiles of North America north of Mexico, with comments regarding confidence in our understanding» (PDF). Checklist of the Standard English & Scientific Names of Amphibians & Reptiles 7.ª ed. Society for the Study of Amphibians and Reptiles. pp. 1–68 
  6. Saviola, Anthony; Bealor, Matthew (2007). «Behavioural complexity and prey-handling ability in snakes: gauging the benefits of constriction». Behaviour. 144(8). Brill. pp. 907–929 
  7. «Corn Snake - Pictures and Facts» 
  8. Smith, Scott A. «Did Someone Say Snakes?». Consultado em 19 de agosto de 2013. Arquivado do original em 3 de agosto de 2013 
  9. «FLMNH - Eastern Corn Snake (Pantherophis guttatus)» 
  10. «PetCo Corn Snake Care Sheet» (PDF) 
  11. a b «Corn Snake Fact Sheet». Smithsonian National Zoological Park. Arquivado do original em 19 de agosto de 2016 
  12. Slavens, Frank; Slavens, Kate. «Elaphe guttata guttata». Arquivado do original em 24 de setembro de 2015 
  13. «Corn Snake - Pantherophis guttatus». PetMD. Consultado em 19 de junho de 2020 
  14. «Reptiles and Amphibians of Virginia». Virginia Herpetological Society 
  15. Harcourt, Houghton M. (2003). Western Reptiles and Amphibians. Col: Peterson Field Guides 3.ª ed. [S.l.: s.n.] 533 páginas. ISBN 978-0-395-98272-3 
  16. Allf, Bradley C.; Durst, Paul A. P.; Pfennig, David W. (2016). «Behavioral Plasticity and the Origins of Novelty: The Evolution of the Rattlesnake Rattle». The American Naturalist. 188(4). The University of Chicago Press. pp. 475–483 
  17. Saviola, Anthony; McKenzie, Valerie; Chiszar, David (2012). «Chemosensory responses to chemical and visual stimuli in five species of colubrid snakes». Acta Herpetologica. 7(1). Firenze University Press. pp. 91–103 
  18. Worthington-Hill, J. O.; Yarnell, R. W.; Gentle, L. K. (2014). «Eliciting a predatory response in the eastern corn snake (Pantherophis guttatus) using live and inanimate sensory stimuli: implications for managing invasive populations». International Journal of Pest Management. 60(3). Taylor & Francis Online. pp. 180–186 
  19. «Pantherophis guttatus - Red corn snake». University of Michigan Museum of Zoology 
  20. Fry, Bryan G.; Casewell, Nicholas R.; Wüster, Wolfgang; Vidal, Nicolas; Young, Bruce; Jackson, Timothy N. W. (2012). «The structural and functional diversification of the Toxicofera reptile venom system». Toxicon. 60(4). Elsevier. pp. 434–448 
  21. Burbrink, Frank T. (2002). «Phylogeographic analysis of the cornsnake (Elaphe guttata) complex as inferred from maximum likelihood and Bayesian analyses». Molecular Phylogenetics and Evolution. 25(3). Elsevier. pp. 465–476 
  22. Utiger, Urs; Helfenberger, Notker; Schätti, Beat; Schmidt, Catherine; Ruf, Markus; Ziswiler, Vincent (2002). «Molecular Systematics and Phylogeny of Old and New World Ratsnakes, Elaphe Auct., and Related Genera (Reptilia, Squamata, Colubridae)». 9(2). Russian Journal of Herpetology. pp. 105–124 
  23. Burbrink, Frank T. (2007). «How and when did Old World ratsnakes disperse into the New World?». Molecular Phylogenetics and Evolution. 43(1). Elsevier. pp. 173–189 
  24. Burbrink, Frank T.; Pyron, R. Alexander (2009). «Neogene diversification and taxonomic stability in the snake tribe Lampropeltini (Serpentes: Colubridae)». Molecular Phylogenetics and Evolution. 52(2). Elsevier. pp. 524–529 
  25. Bartlett, Patricia; Bartlett, Richard D. (1996). Corn Snakes and Other Rat Snakes. Col: Complete Pet Owner's Manual. [S.l.: s.n.] 104 páginas. ISBN 978-0-7641-3407-4 
  26. «Jungle Corn Snakes»