João Cabral de Melo Neto

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João dormindo lendo os próprios poemas.

João Cabral de Melo Neto (Recife, 9 de janeiro de 1920 — Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1999), um raro caso de escritor que assinava com o nome completo, mesmo sendo um puta nome grande, foi um poeta e diplomata, mas alguns dirão que era pra ter sido arquiteto, devido seus poemas parecerem mais desenhos de esqueletos e plantas de prédios, alguns por serem épicos gigantescos que cobriam a porra de um livro inteiro, como a sua obra-prima mais famosinha, Morte e Vida Severina, que é um poema só, mas tão gigantão que dá um livro de mais de 40 páginas só pra contar a poesia toda.

Apesar dessa fama de ter poemas sem eu-lírico, alguns meio até do surrealismo, mas ainda assim um surrealismo que depois descamba pro abstracionismo objetivista, inspirados nos quadros cheios de quadradinhos sem sentido do Piet Mondrian, é considerado por alguns puxa-sacos o maior poeta da língua portuguesa. Coitados de Luiz de Camões, Gil Vicente e Carlos Drummond de Andrade então, se foderam de fazer livros e poesias incríveis e cheias de sentimento para serem trollados por um velhote que não sentia absolutamente nada ao fazer suas poesias sem sentido.

Biografia[editar]

João começou a vida sendo filhinho da zona noroeste do Hellcife, ou seja, de família riquinha, estudando num colégio da Ponte d’Uchoa do Irmandade Marista (hoje em dia chamado de Colégio Marista São Luís da Nestlé) e chegou a cavar uma vaguinha no Santa Susi, jogando nas bases juvenis do time. Apesar de admirador do Mequinha (que até ganhou um poema em sua homenagem feito pelo João), nunca chegou a bater bola por lá, porque o Mequinha na época era mais metido a riquinho que o povo do Clube de Natação das Barbies - mal sabendo eles que num futuro não muito distante o time viraria lenda urbana que nunca mais ganharia nem liga vagabunda do próprio bairro deles.

Chegou a trampar na Associação Comercial de Pernambuco descarregando caixas de documentos de produtos que chegavam no Porto do Recife, até que conseguiu viajar pro Carioca Kingdom, onde já foi tentando - e conseguindo - um trampo no Itamaraty, que chegou até a perder por um tempinho porque Getúlio Vargas achava que diplomata intelectual era tudo comunista, mas ele e seu brother Toninho do Dicionário Houaiss, bem como outros que tomaram esse strike indevido conseguiram voltar a ter seu ganha-pão garantido de funcionário público de volta, enquanto seguiam a escrever seus trocentos livros de boas.

A amizade com Carlos Drummond de Andrade foi a mais importante pro João Cabral, pois ele disse consigo mesmo "esse mineiro tá tentando parecer um bicho brabo da peste, mas só parece um emo com os poemas dele, eu vou mostrar pra esse cabra o que é poesia sem sentimento nenhum mesmo, bem lascada de insensível!" E daí veio seu primeiro livrinho, A Pedra do Sono de 1942, uma homenagem ao Travesseiro de Preda, que você só não pega no sono atingido por ele se tiver a cabeça do Superman.

Daí pra frente foram uma pá de livros onde seus poemas quase sempre mostravam elementos que ele via muito no lixão de Peixinhos: cana, pedra, osso, esqueleto, dente, gume, navalha, faca, foice, lâmina, cortar, esfolado, baía, relógio, seco, mineral, deserto, asséptico, vazio, fome. Ou seja, só desgraceira típica do povo de Pernambuco mesmo. Um exemplo disso é seu afamado livro-poema Uma faca só lâmina, que literalmente ilustra o que há de mais comum no interior desse estado: facada e nego ficando só com os buracos no corpo, o que deveria ser uma metáfora sobre o vazio no peito, o vazio na mente, o vazio de sentimentos, de ideias, enfim. Porém mais parece só a demonstração nua e crua do risca faca natural de lá dos cabrobós de Judas.

Outro caso famoso está no livro-poema O Rio ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife, que depois foi ampliado e virou a tal da Morte e Vida Severina (com mais um poeminha). O Rio.. só fala uma descrição bem a lá Fernand Braudel escrevendo um livro de história de 2000 páginas só pra contar toda a história do Mar Mediterrâneo durante a Idade Média; no caso do João Cabral, uma descrição da miséria do rio Capibaribe desde o início nos cafundós do sertão onde quase todo mundo só bebe gotas do rio, até chegar na foz em Recife, e a foz ser justamente no meio do Coque, cheio de palafitas e povo comendo guaiamum podre com lama pra não morrer de fome. Ou seja, um puta poema que podia virar até trilha sonora de programa policial, já que, tal como esses, só mostra que tudo na vida tem o propósito de comer alguém dá em merda.

Apesar de ainda popular pra cacete nos últimos anos de sua vida, JCMN, já ceguinho é a mãe! e velho pra burro foi se encontrar com o resto dos poetas do modernismo brasileiro que vieram (e se foram) antes dele em 1999, virando só mais uma das estátuas espalhadas nos bairros centrais do Recife e que ninguém nem sabe quem aquele velhote era.

Ver também[editar]