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Vaccinia

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaVírus da vacínia

Classificação científica
Grupo: I (vírus DNA)
Família: Poxviridae
Subfamília: Chordopoxvirinae[1]
Gênero: Orthopoxvirus[1]
Espécie: O. vaccinia

Vaccinia (sigla: VACV) é um vírus do gênero Orthopoxvirus da família Poxviridade que, em seres humanos, é causador de doença não letal, pustular e localizada. É consenso na literatura científica que o vírus vaccinia não tem hospedeiros naturais, porém casos de infecção de bovinos e humanos por vírus vaccinia são relatados no Brasil e na Índia.[2]

Úbere de uma vaca com vaccinia.
Bebê infectado pelo vírus vaccinia.

O médico Edward Jenner, em 1796, testou a hipótese que as ordenhadoras da região do interior da Inglaterra não contraíam varíola pois eram protegidas pela infecção que apresentavam nas mãos contraída das vacas (vírus da varíola bovina). Ele retirou material da lesão da ordenhadora Sarah Nelmes e inoculou em uma criança. Semanas depois, ele inoculou no braço da criança material oriundo de lesão de varíola e a criança não desenvolveu a doença. Após outras tentativas com sucesso, ele publicou seus achados em 1798 no artigo "An Inquiry Into the Causes and Effects of the Variolae Vaccinae: A Disease Discovered in Some of the Western Counties of England, Particularly Gloucestershire, and Known by the Name of the Cow Pox". O material utilizado para essa prática passou a ser chamado de vírus vaccinia, em referência ao termo em latim vaccinae que denota a origem do material da vaca. Essa foi a primeira vacina desenvolvida no mundo, sendo um marco para a história da Medicina, da Imunologia e, principalmente, da virologia. Contudo, em 1939, o pesquisador inglês A.W. Downie[3] analisou amostras da vacina antivariólica (vírus vaccinia) e de varíola bovina isolado de casos naturais recentes de cowpox em vacas. Sua conclusão foi que tratava-se de vírus totalmente diferentes, como, de fato, sabemos atualmente à luz da genômica[4]: vírus vaccinia e varíola bovina são espécies distintas do gênero Orthopoxvirus. Assim, acredita-se que, de alguma maneira, após a descoberta de Jenner, o material utilizado para produção da vacina não mais foi o vírus da varíola bovina, mas o vírus vaccinia. Contudo, ganha força entre os pesquisadores a ideia de que Jenner pode não ter usado o vírus da varíola bovina como fonte para produção da vacina, mas vírus vaccinia que, na época poderia causar infecções naturais em vacas. Atualmente, o vírus vaccinia não causa infecções naturais no mundo, exceto no Brasil e India, como acima mencionado. Há ainda a presença na época de infecção de cavalos pelo vírus da varíola eqüina, um vírus semelhante ao vírus vaccinia, porém considerado um potencial ancestral para a linhagem de vírus vaccinia.[5] O próprio Jenner cita no Inquiry que inoculou material de varíola em pessoas que tinham desenvolvido previamente lesões por varíola eqüina e essas pessoas não desenvolveram varíola.

Surtos no Brasil

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Identificado em focos esparsos desde 1999[6] entre bovinos na região Sudeste, a infecção por vírus vaccinia se espalhou pelo Brasil. A cepa de vírus vaccinia mais prevalente é o vírus Cantagalo, com inúmeros casos descritos ao longo dos anos[7][8]. Outros isolados também são descritos, principalmente nas regiões de Minas Gerais e São Paulo.[9][10][11]

Referências

  1. a b http://ictvonline.org/virusTaxonomy.asp?version=2012
  2. Moussatché, Nissin; Damaso, Clarissa; McFadden, Grant (1 de junho de 2008). «When good vaccines go wild: Feral Orthopoxvirus in developing countries and beyond». The Journal of Infection in Developing Countries (em inglês). 2 (03): 156-173. ISSN 1972-2680. doi:10.3855/jidc.258 
  3. Downie, A. W. (1 de março de 1939). «A study of the lesions produced experimentally by cowpox virus». The Journal of Pathology and Bacteriology (em inglês). 48 (2): 361-379. ISSN 1555-2039. doi:10.1002/path.1700480212 
  4. Carroll, Darin S.; Ginny L. (8 de agosto de 2011). «Chasing Jenner's Vaccine: Revisiting Cowpox Virus Classification». PLoS ONE. 6 (8): e23086. PMID 21858000. doi:10.1371/journal.pone.0023086 
  5. Tulman, E. R.; G. (15 de setembro de 2006). «Genome of Horsepox Virus». Journal of Virology (em inglês). 80 (18): 9244-9258. ISSN 0022-538X. PMID 16940536. doi:10.1128/JVI.00945-06 
  6. Damaso, C.; Esposito, J; Condit, R; Moussatché, N. (25 de novembro de 2000). «An emergent poxvirus from humans and cattle in Rio de Janeiro State: Cantagalo virus may derive from Brazilian smallpox vaccine». Virology. 277 (2): 439-449. ISSN 0042-6822. PMID 11080491. doi:10.1006/viro.2000.0603 
  7. Quixabeira-Santos, Jociane C.; Medaglia, MG; Pescador, C; Damaso, C (1 de abril de 2011). «Animal movement and establishment of vaccinia virus Cantagalo strain in Amazon biome, Brazil». Emerging Infectious Diseases. 17 (4): 726-729. ISSN 1080-6059. PMID 21470472. doi:10.3201/eid1704.101581 
  8. Medaglia, MG.; Pessoa LC, Sales ER, Freitas TR, Damaso CR. (1 de julho de 2009). «Spread of cantagalo virus to northern Brazil». Emerging Infectious Diseases. 15 (7): 1142-1143. ISSN 1080-6059. PMID 19624947. doi:10.3201/eid1507.081702 
  9. Peres, Marina Gea; Thais Silva (1 de dezembro de 2013). «Serological study of vaccinia virus reservoirs in areas with and without official reports of outbreaks in cattle and humans in São Paulo, Brazil». Archives of Virology. 158 (12): 2433-2441. ISSN 1432-8798. PMID 23760628. doi:10.1007/s00705-013-1740-5 
  10. Megid, Jane; Iara A. (1 de janeiro de 2012). «Vaccinia virus zoonotic infection, São Paulo State, Brazil». Emerging Infectious Diseases. 18 (1): 189-191. ISSN 1080-6059. PMID 22260819. doi:10.3201/eid1801.110692 
  11. Trindade, Giliane S.; Maria I. C. (1 de fevereiro de 2009). «Zoonotic vaccinia virus: clinical and immunological characteristics in a naturally infected patient». Clinical Infectious Diseases: An Official Publication of the Infectious Diseases Society of America. 48 (3): e37-40. ISSN 1537-6591. PMID 19115976. doi:10.1086/595856 
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