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Tubarão-mangona

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaTubarão mangona
Tubarão-mangona no Two Oceans Aquarium em Cape Town, África do Sul
Tubarão-mangona no Two Oceans Aquarium em Cape Town, África do Sul
Estado de conservação
Espécie em perigo crítico
Em perigo crítico
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Chondrichthyes
Subclasse: Elasmobranchii
Superordem: Selachimorpha
Ordem: Lamniformes
Família: Odontaspididae
Género: Carcharias
Espécie: C. taurus
Nome binomial
Carcharias taurus
( Rafinesque, 1810)
Distribuição geográfica
Distribuição geográfica do tubarão-mangona
Distribuição geográfica do tubarão-mangona

O tubarão-mangona ou tubarão-touro (Carcharias taurus) é uma espécie de tubarão da família Odontaspididae, e o único membro do gênero Carcharias.[1]

Distribuição

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Os tubarões-mangona vivem em mares tropicais e temperados, podendo estar presente na plataforma continental desde a zona de arrebentação até uma profundidade de 232 m. Está presente em todos os mares quentes do Atlântico, parte do Pacífico e do Mediterrâneo. No Brasil, são mais comuns nas regiões Sudeste e Sul.[2]

Eles podem atingir um máximo de 3 m de comprimento e atingir 250 kg[3][4]; apresentam dimorfismo sexual em relação ao tamanho corporal, onde os machos são menores que as fêmeas, com os machos tendo uma média de 1,9 m de comprimento e as fêmeas uma média de 2,2 m.[5]

Visão da coloração do C. taurus

Seu corpo é robusto, com o dorso de coloração marrom acinzentado com algumas manchas nas laterais e o ventre branco.[2] Uma característica distintiva é que a barbatana anal e ambas as barbatanas dorsais são do mesmo tamanho.[6]

Na cabeça, apresenta um focinho pontudo, com dentes serrilhados e separados por um dentículo intermediário.[2]

Como qualquer tubarão, seu sexo pode ser distinguido pela presença (ou ausência) dos órgãos copuladores masculinos nas nadadeiras pélvicas, chamados de claspers.[4]

A expectativa de vida é de 30 a 40 anos, baseada em análises de centros vertebrais de indivíduos selvagens, mas os indivíduos mais velhos registrados em aquários viveram até os 16 anos.[3]

São normalmente solitários, mas podem formar grupos de até 80 indivíduos. É a única espécie dentre os tubarões a subir à superfície para engolir ar e o armazenar no estômago, um comportamento que permite que eles se tornem flutuantes na coluna d'água; isso permite que o tubarão fique imóvel na água.[2]

É uma espécie migratória, se deslocando geralmente em busca de novas fontes de alimento ou para acasalar, normalmente retornando aos mesmos locais.[3] No Brasil, a espécie faz migrações paralelas à costa, indo do Sul para o Sudeste para se reproduzir; essas são áreas importantes para o nascimento de seus descendentes, e a mortalidade por pescarias e crescente poluição do ambiente marinho tem colocado a mangona em crítico risco de extinção.[4]

Alimentação

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O tubarão-mangona é um predador de topo de cadeia e tende a ter uma grande vantagem em relação a outros animais na cadeia alimentar, tendo poucos predadores naturais. Alimenta-se majoritariamente de peixes, mas também de caranguejos, lagostas, moluscos e outros tubarões e raias.

Apresenta hábitos noturnos[2]; durante o dia, abriga-se perto de rochas, saliências, cavernas e recifes, muitas vezes em profundidades relativamente rasas (<20 m) e à noite deixam o abrigo para caçar.[7]

Nos tubarões-mangona, os machos atingem a maturidade reprodutiva aos 6-7 anos e as fêmeas aos 9-10 anos.[7] Além da maturidade tardia, as fêmeas não têm mais de dois filhotes por vez e dão luz apenas a cada dois ou três anos, com um período de gestação de aproximadamente oito a doze meses, após o qual a fêmea dá luz a uma prole totalmente independente de 1 m de comprimento. Estes múltiplos fatores resultam em uma taxa reprodutiva média global de menos de um filhote por ano, uma das taxas reprodutivas mais baixas entre os tubarões.[8]

É uma espécie vivípara, ou seja, depois do acasalamento a fêmea carrega os ovos internamente, apresentando período de gestação de 9 a 12 meses e parindo normalmente dois indivíduos por gestação a cada dois anos.[9] Os embriões são ovofágicos, onde o primeiro filho a sair do ovo passa a se alimentar dos outros, que lhe serve como uma preciosa fonte de alimentos; ao se desenvolver completamente, o filhote sai da barriga da mãe, e nasce independente.[3][10]

O filhote costuma viver em mangues, que servem como abrigo contra predadores, até outros tubarões mangona adultos que podem se alimentar dele, uma vez que o canibalismo é algo muito comum em tubarões mangona, pois são animais oportunista e vivem em ambiente de alta competição, então costumam aproveitarem as fontes de alimentos disponíveis em seu ambiente.[11]

Relação com seres humanos

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Apesar de sua aparência ser vista como ameaçadora, poucos incidentes de tubarões-mangona foram registrados com seres humanos, com nenhum caso de morte[4]; a espécie é considerada tímida e normalmente evita se aproximar do homem.[11] No Brasil, não há registro de nenhum incidente.[2]

Conservação

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O tubarão-mangona está em estado de vulnerabilidade devido à pesca de tubarões, que tende a capturar tubarões para cortarem suas barbatanas e com elas fazer uma sopa, geralmente apreciada em países asiáticos, como a China. A prática desse tipo de pesca levou várias espécies de tubarões ao risco de extinção, o tubarão mangona sendo uma delas. A poluição dos oceanos e a pesca de animais que servem de alimento ao tubarão também contribuem para seu risco.

Se essa espécie for extinta isso pode levar grandes consequências aos oceanos que teria toda sua cadeias alimentares afetadas o que mais tarde poderia trazer prejuízo aos próprios humanos, também haveria uma grande perda para a ciência, pois esses tubarões são descendentes próximos de tubarões primitivos, e poderia levar boa parte da história evolutiva dos tubarões a ser perdida.

Atualmente existem programas de conservação que visam protegerem os tubarões-mangona e proíbem a sua pesca, mesmo assim, em muito lugares a pesca ocorre ilegalmente, e ainda há lugares onde a sua pesca é permitida. Por todos esses fatores, a espécie é considerada criticamente em perigo.[3] Como está na categoria de criticamente em perigo, sua pesca é proibida no Brasil, no entanto, a espécie ainda é capturada de forma ilegal.[4]

Referências

  1. «ITIS - Report: Carcharias». Integrated Taxonomic Information System - Report. Consultado em 27 de dezembro de 2023 
  2. a b c d e f Szpilman, Marcelo (2000). Peixes marinhos do Brasil : guia prático de identificação. Rio de Janeiro: Instituto Ecológico Aqualung. OCLC 50830025 
  3. a b c d e IUCN (7 de dezembro de 2020). «Carcharias taurus: Rigby, C.L., Carlson, J., Derrick, D., Dicken, M., Pacoureau, N. & Simpfendorfer, C.: e.T3854A2876505». The IUCN Red List of Threatened Species 2021 (em inglês). doi:10.2305/iucn.uk.2021-2.rlts.t3854a2876505.en. Consultado em 7 de março de 2023 
  4. a b c d e Bismarck Fazzano Gadig, Otto; Marcante Santana, Francisco; Marcante Santana, Jones; Barreto, Rodrigo; Vianna, Marcelo (2023). O belo e ameaçado Tubarão-Mangona. Santos, SP: Associação dos Amigos do Museu Nacional. ISBN 978-65-00-85638-5 
  5. Branstetter, Steven; Musick, John A. (março de 1994). «Age and Growth Estimates for the Sand Tiger in the Northwestern Atlantic Ocean». Transactions of the American Fisheries Society (em inglês) (2): 242–254. ISSN 0002-8487. doi:10.1577/1548-8659(1994)123<0242:AAGEFT>2.3.CO;2. Consultado em 26 de dezembro de 2023 
  6. Gerlach, Gary. «Carcharias taurus (Dogfish shark)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 26 de dezembro de 2023 
  7. a b Smale, Mj (janeiro de 2005). «The diet of the ragged-tooth shark Carcharias taurus Rafinesque 1810 in the Eastern Cape, South Africa». African Journal of Marine Science (em inglês) (1): 331–335. ISSN 1814-232X. doi:10.2989/18142320509504091. Consultado em 26 de dezembro de 2023 
  8. Bansemer, C. S.; Bennett, M. B. (13 de janeiro de 2009). «Reproductive periodicity, localised movements and behavioural segregation of pregnant Carcharias taurus at Wolf Rock, southeast Queensland, Australia». Marine Ecology Progress Series (em inglês): 215–227. ISSN 0171-8630. doi:10.3354/meps07741. Consultado em 26 de dezembro de 2023 
  9. Museu Nacional (Brazil), ed. (1876). Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Cysneiros & Cia. OCLC 01307697 
  10. Senna, Márcio L V; Senna, Márcio L. V.; Nunan, Gustavo W. (2008). «Registro de ovofagia no Tubarão Mangona, Carcharias taurus Rafinesque, 1810 (Chondrichthyes, Elasmobranchii)». Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro (3-4): 595––601. Consultado em 26 de dezembro de 2023 
  11. a b «Você conhece as espécies do PAN?» (PDF). PAN Tubarões. ELASMOTÍCIAS - Boletim do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Tubarões e Raias Marinhos Ameaçados de Extinção (10 e 11). Maio de 2020. Consultado em 7 de março de 2023