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Terceira posição

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Não confundir com Terceira via.

Na política, terceira posição ou terceira alternativa é um termo guarda-chuva[1] usado por uma variedade de movimentos políticos e ideológicos nacionalistas sincréticos contrários tanto ao capitalismo laissez-faire quanto ao comunismo, bem como ao liberalismo cultural.[2]

Levando em conta a teoria da ferradura e a dicotomia esquerda-direita, a terceira posição é descrita como um movimento de extrema-direita.[3][4][5][6] Porém, seus adeptos a descrevem como uma posição "além da esquerda e da direita".

Muitos dos movimentos que reivindicam essa qualificação são classificados como neofascistas.[7][3][8][9][4][10] Contudo, se aproximam da geoeconomia de esquerda ao promover políticas trabalhistas, anti-imperialistas,[11] terceiro-mundistas,[12] contrárias ao​ eurocentrismo[13] ou de não alinhamento.[14]

Apesar de ser comum a vaga identificação da terceira posição como neofascista, existem várias vertentes que se enquadram como de terceira posição: o strasserismo, o nacional-sindicalismo, o falangismo, o franquismo, o integralismo brasileiro, o getulismo, o peronismo, o castilhismo, etc.

Historicamente, foi a posição defendida tanto pelo fascismo italiano quanto pelos movimentos políticos análogos do nacional-socialismo alemão, da Falange Espanhola, das Juntas de Ofensiva Nacional-Sindicalista de Ramiro Ledesma, da Guarda de Ferro romena, do rexismo belga, entre outros. Estes surgiram no período entreguerras, após a revolução bolchevique e coincidindo com a crise do modelo liberal, tanto na política (era comum rotular a democracia liberal como decadente) quanto na economia (crise de 1929). Também foi relacionada ao modelo econômico proposto pela doutrina social da Igreja e pela encíclica Quadragesimo anno do Papa Pio XI. O termo também foi usado pelo peronismo na Argentina.

Desde o final do século XX, o termo tem sido reivindicado por diferentes movimentos rotulados como "alternativos" ou "nacional-revolucionários". A semelhança do nome com a terceira via chega a ser utilizada de forma pejorativa para observar um paralelo conceitual.[15]

Referências

  1. Griffin, Roger (1995). Fascism (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. p. 315. ISBN 0-19-289249-5 
  2. Cardoso, Oscar Raúl. «La "tercera posición": lejos de Washington y de Moscú». Clarín (em espanhol). Consultado em 7 de setembro de 2020. Arquivado do original em 23 de abril de 2014 
  3. a b Davies, Peter; Lynch, Derek (29 de agosto de 2002). The Routledge Companion to Fascism and the Far Right (em inglês). [S.l.]: Taylor & Francis 
  4. a b Lee, Martin A. (1999). The Beast Reawakens: Fascism's Resurgence from Hitler's Spymasters to Today's Neo-Nazi Groups and Right-Wing Extremists (em inglês). [S.l.]: Routledge. ISBN 0-415-92546-0 
  5. Griffin, Roger (julho de 2000). «Interregnum or Endgame? Radical Right Thought in the 'Post-fascist' Era». The Journal of Political Ideologies (em inglês). 5 (2): 163–78. doi:10.1080/713682938. Consultado em 27 de dezembro de 2010 
  6. Antonio, Robert J. (2000). «After Postmodernism: Reactionary Tribalism». American Journal of Sociology (em inglês). 106 (1): 40–87. JSTOR 3081280. doi:10.1086/303111 
  7. Eatwell, Roger (2003) [1995]. Fascism: A History. London: Pimlico. p. 341. ISBN 978-1844130900 
  8. Berlet, Chip (20 de dezembro de 1990). «Right Woos Left: Populist Party, LaRouchite, and Other Neo-fascist Overtures To Progressives, And Why They Must Be Rejected». Political Research Associates (em inglês). Consultado em 1 de fevereiro de 2010. revised 4/15/1994, 3 corrections 1999 
  9. Kevin Coogan (1999). Dreamer of the Day: Francis Parker Yockey and the Postwar Fascist International (em inglês). [S.l.]: Autonomedia. ISBN 1-57027-039-2 
  10. Sunshine, Spencer (inverno de 2008). «Rebranding Fascism: National-Anarchists» (em inglês). Consultado em 12 de novembro de 2009 
  11. De Nicolo, Sofía (13 de julho de 2020). «La tercera posición del siglo XXI: nuevo mundo, viejos dilemas – Por Sofía De Nicolo». La Baldrich (em espanhol). Consultado em 29 de janeiro de 2023 
  12. Alburquerque, Germán (2014). "Tercermundismo en el Cono Sur de América Latina: ideología y sensibilidad. Argentina, Brasil, Chile y Uruguay, 1956 1990." Revista Tempo e Argumento (em espanhol) (Florianópolis: Universidade do Estado de Santa Catarina) 6 (13): 140-173.
  13. «Kicillof: "Sin independencia económica, no hay justicia social y se pone en jaque la democracia"». Ámbito (em espanhol). 21 de maio de 2022. Consultado em 29 de janeiro de 2023 
  14. Berazategui, Andrés (24 de abril de 2018). «La vigencia de la Tercera Posición». Nomos (em espanhol). Consultado em 29 de janeiro de 2023 
  15. Fernández, Enrique (junho de 2000). «La Tercera Vía». Grupo Popolco (em espanhol). Consultado em 29 de janeiro de 2023