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Parnaíba (navio)

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 Nota: Se procura outros navios com o nome de Parnaíba, veja Parnaíba (desambiguação).
Parnaíba (Parnahyba)
 Brasil
Proprietário Cia. de Navegação Lloyd Brasileiro
Operador a mesma
Homônimo Rio Parnaíba, rio brasileiro que separa os estados do Piauí e do Maranhão.
Construção 1913, por Cia. Flensburger Schiffsbau A.G., Alemanha
Lançamento março de 1913
Porto de registro Rio de Janeiro
Estado Afundado em 1º de maio de 1942 pelo U-162
(Jürgen Wattenberg)
Características gerais
Classe cargueiro
Tonelagem 6 692 ton
Largura 18 m
Maquinário motor de expansão quádrupla
Comprimento 140,4 m (LPP)
Calado 8,2 m
Propulsão turbina a vapor
Velocidade 12 nós
Carga 72

O Parnaíba (Parnahyba) foi um navio mercante brasileiro afundado durante a Segunda Guerra Mundial pelo submarino alemão U-162, em 1º de maio de 1942, quando navegava a leste de Trinidad e Tobago, no Oceano Atlântico, carregado de café, cacau, óleo de mamona, algodão e cargas diversas.

Foi o sétimo navio atacado desde o início do conflito e o sexto a sê-lo após o Brasil romper relações diplomáticas com o Eixo, em janeiro de 1942. Houve sete mortos no episódio.

Terminada a sua construção em 1913, nos estaleiros da Flensburger Schiffsbau Gesellschaft, em Flensburg, Alemanha, foi lançado sob o nome Alrich, e operado pela Roland Linie, de Bremen. Era um dos maiores navios do Lloyd Brasileiro, à época de seu afundamento, com 140,4 metros de comprimento (entre perpendiculares), 18 metros de largura e 8,2 metros de calado. Feito com casco de aço, possuía 6.692 toneladas de arqueação bruta de registro (GRT), propelidas por turbinas a vapor, acopladas a um motor de quádrupla expansão, fazendo-o alcançar a velocidade de 12 nós.[1][2]

Encontrava-se no Porto do Rio de Janeiro quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial, o que motivou-lhe a retenção, e o posterior confisco pelo Governo Brasileiro – a 1º de junho de 1917 –, quando o Brasil rompeu relações diplomáticas com o Império Alemão.

Foi rebatizado de Parnaíba (Parnahyba) e registrado no Rio de Janeiro sob o número 17, sendo operado, a partir de 1923, pelo Lloyd Brasileiro, o qual lhe adquire a plena propriedade em 1927.[3]

O afundamento

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No dia 1º de maio de 1942, após quase dois meses sem ataques a navios brasileiros (desde o afundamento do Cairu, em 8 de março), o Parnaíba, comandado pelo Capitão-de-Longo-Curso Raul Francisco Diégoli, encontrava-se a leste da ilha de Trinidad e Tobago e ao norte das Guianas (posição: 10° 12' N 57° 16' O), carregado com 40 950 sacas de café, 30 000 de cacau, 27 155 de farelo, 25 mil fardos de couro, 17 585 de mamona e 15 108 de cargas diversas, totalizando 155 739 volumes.[4]

Partira do Rio de Janeiro, a 5 de abril, com uma escala em Recife, de onde zarpara, a 24 de abril, rumo a Nova York, sem escolta, porém armado com um canhão. A bordo constavam 72 pessoas, dentre as quais três marinheiros encarregados da vigilância.[4]

Pouco antes das 15 horas (20h46 pelo Horário da Europa Central), o U-162, comandado pelo Capitão Jürgen Wattenberg, dispara seu primeiro torpedo contra o navio, atingindo-o à meia-nau. O impacto abriu um rombo na praça de máquinas e matou instantaneamente todos os tripulantes que lá se encontravam: o 3º maquinista, o cabo foguista, dois foguistas e dois carvoeiros.[4]

Com o navio parado, a tripulação começou a descer para os três escaleres que ainda restavam – um quarto escaler foi perdido com a explosão. Nesse meio tempo, enquanto era emitido um pedido de socorro pelo capitão Diégoli que ainda se encontrava a bordo, um segundo torpedo atingiu a embarcação e, logo em seguida, os alemães dispararam vários tiros de canhão contra o vapor. De acordo com o capitão do navio, se os torpedos atingissem a praça das caldeiras (localizada a uma distância de três metros da praça de máquinas – o local atingido), certamente explodiria o navio de súbito, sem dar qualquer chance de salvamento aos 72 tripulantes.

Apesar do torpedeamento e dos tiros de canhão, o navio só submergiu totalmente depois de três horas, já ao anoitecer, não antes de ser atingido por mais dois torpedos disparados pelo "u-boot". Nos escaleres, os sobreviventes ainda presenciariam uma outra cena chocante: Um radiotelegrafista, que havia se demorado no navio, pulou na água para alcançar os barcos. Além de nadar bem, utilizava um colete salva-vidas, que o fez chegar rapidamente aos escaleres. Todavia, quando levou o braço à borda, um tubarão o puxou para o fundo do mar. Tudo foi muito rápido e ele não foi mais visto, deixando seus companheiros em estado de choque.[4]

Nos escaleres, os sobreviventes viram o tempo mudar drasticamente. O vento intensificou-se e grandes ondas por pouco não afundaram os pequenos barcos. O capitão traçou um rumo para os três escaleres, prevendo chegar em terra em uma semana, no máximo. No amanhecer seguinte, após uma madrugada sob chuva intensa e muito frio, os náufragos foram avistados por um hidroavião de guerra norte-americano, que amerissou para oferecer água e mantimentos aos náufragos.

Uma hora depois, o mesmo hidroavião sobrevoou os escaleres e lançou sobre eles paraquedas luminosos para que pudessem ser localizadas. Com efeito, meia hora depois, guiados por aqueles pontos de referência, o navio espanhol Cabo Hornos apareceu no local e resgatou o pessoal de dois escaleres. Por sua vez, o cargueiro canadense Turret Cap resgatou os tripulantes do terceiro barco. Todos os 65 sobreviventes foram levados para Georgetown, capital da Guiana.[4]

Referências

  1. Wrecksite. «SS Parnahyba)». Consultado em 31 de dezembro de 2010 
  2. Naufrágios do Brasil. «Navios brasileiros afundados em outros países.». Consultado em 31 de dezembro de 2010 
  3. Oceania. «Lloyd Brasileiro». Consultado em 31 de dezembro de 2010 
  4. a b c d e SANDER. Roberto. op.cit., p.141-143.
  • SANDER. Roberto. O Brasil na mira de Hitler: a história do afundamento de navios brasileiros pelos nazistas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.

Ligações externas

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