Noologia
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Noologia (do grego antigo νοῦς 'mente' + λόγος 'estudo') é uma das disciplinas fundamentais da filosofia. Seu objeto material é o fato psíquico e o objeto formal é esse fato psíquico examinado especificativamente no campo antropológico e no campo da noesis humana. O caráter antinômico entre a intuição (conhecimento do individual) e a razão (conhecimento do geral) é fundamento da disciplina da noologia.[1]
A Noologia é, em suas linhas gerais, a ciência do espírito (a Geistelehre dos alemães), e corresponde à Filosofia Metafísica dos escolásticos, pois não é apenas uma descrição do funcionar do psiquismo humano, mas sim uma especulação em torno dos temas noológicos transcendentais e metafísicos tal como a origem e o fim da alma humana e a prova ou não de sua existência.
Origem do nome
[editar | editar código-fonte]O termo noologia tem sua origem na palavra Nous ou Nóos, que em grego significa espírito somado à razão + logos (estudo, tratado).
Contemporaneidade
[editar | editar código-fonte]O termo noológico tem sido empregado contemporaneamente na filosofia para tudo o que concerne ao espírito e a especulação ou negação de sua existência.
Immanuel Kant
[editar | editar código-fonte]Em Crítica da Razão Pura, Immanuel Kant usa o termo noologia como sinônimo de racionalismo, distinguindo-a de empirismo:
A respeito da questão sobre a origem do conhecimento – se ele deriva da razão, ou da experiência – Aristóteles pode ser considerado como o chefe dos empiristas e Platão dos noologistas. Sendo assim, John Locke seguiu Aristóteles e Leibniz seguiu Platão.[2]
Rudolf Eucken
[editar | editar código-fonte]O filósofo Rudolf Eucken, agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura, chamou sua filosofia de noologia e a definiu como a relação entre a "expansão da realidade” e a "unidade interna e total independência”.[3]
Xavier Zubiri
[editar | editar código-fonte]Para Xavier Zubiri a noologia não se confunde com a metafísica, sendo anterior a esta. Sendo assim, a noologia seria uma espécie de filosofia primeira.[4]
Na noologia, a apreensão da realidade e a intelecção do sensitivo são fatos iguais. Mas ela os distingue em três etapas:
- Momento do afeto (ou noesis).
- Momento de alteridade (ou noema).
- Momento de imposição da força (ou noergia).
Mário Ferreira dos Santos
[editar | editar código-fonte]O filósofo brasileiro Mário Ferreira dos Santos esquematizou o objeto da noologia da seguinte forma:[5]
Objetos da Noologia |
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1. Capacidade de reflexão. Não é apenas capaz de experimentar sensações, mas delas tomar consciência, bem como de si mesmo. Pode-se, portanto, salientar:
1.1. Consciência das sensações.
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2. Racionalidade. Capacidade de perceber relações entre os dados da percepção, captar nexos, que também surgem no nexo do funcionamento da razão. Funcionamento da intelectualidade. |
3. Afetividade. Capacidade afetiva, que alcança uma consciência da frônese e da captação simbólica do acontecer. Penetração mística, através dos símbolos até a comunhão com o simbolizado. |
4. Construção de conjunturas esquemáticas. Capacidade de coordenar esquemas para empreender conhecimentos mais amplos. |
5. A Liberdade. Capacidade de afastar-se dos laços que os prendam à mera materialidade, à mera animalidade, podendo optar por valores superiores, que é, em suma a vontade, faculdade de afirmar ou de tender aos valores intelectualmente apreendidos. Não se deve confundir com o querer inconsciente, mero impulso animal. |
Noologia e Neurociência
[editar | editar código-fonte]Edgar Douglas Adrian, neurocientista agraciado pelo Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina diz em seu famoso livro “A base da sensação":
O problema da conexão entre o cérebro e o espírito é tão enigmático para o fisiólogo quanto o é para o filósofo. Talvez uma profunda revisão de nossos sistemas de conhecimento possa explicar como um esquema de impulsos nervosos pode causar um pensamento, ou demonstrar que ambos fenômenos são, na realidade, a mesma coisa contemplada de diferente ponto de vista. Se tal revisão se levar a cabo, só espero ser capaz de entende-la."[6]
Noologia e Psicologia
[editar | editar código-fonte]A noologia não só examina o funcionar psicológico racional, como também as suas raízes intuitivas e afetivas, e penetra no âmbito da problemática gnosiológico-crítica, que pertence especificamente ao campo da Teoria do Conhecimento ou Gnosiologia. Diferencia-se da Psicologia pois ultrapassa o limite do que é controlável por meio de experimentos porque procura realidades para as quais não podemos aplicar o método experimental das ciências, sendo analisável apenas por uma óptica filosófica.
Noologia e Noogênese
[editar | editar código-fonte]Noologia (ciência da inteligência) - a ciência da teoria e experiências de inteligências, noogênese, ecologia de sistemas inteligentes, higiene da informação[7]
Ver também
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Notas e referências
- ↑ Dos Santos, Mário Ferreira (2010). Filosofia e Cosmovisão 7ª ed. [S.l.]: É Realizações. p. 99. 287 páginas. ISBN 9781605204499
- ↑ Kant, Immanuel (2009). Crítica da Razão Pura (em inglês) reimpressão ed. [S.l.]: Cosimo. p. 211. 504 páginas.
- ↑ "Eucken, Rudolf Christoph". Encyclopædia Britannica (12ª ed.). 1922.
- ↑ García, Juan José (2006). Inteligencia sentiente, reidad, Dios. Nociones fundamentales en la filosofía de Zubiri (PDF) (em espanhol). [S.l.]: Pamplona. pp. 1–73. ISSN 1696-0637. Consultado em 27 de março de 2017. Arquivado do original (PDF) em 26 de novembro de 2013
- ↑ Dos Santos, Mário Ferreira (1961). Noologia Geral 7ª ed. [S.l.]: Logos. p. 158. 228 páginas
- ↑ Adrian, Edgar Douglas (2009). The Basis of Sensation: The Action of the Sense Organs (em inglês) reimpressão ed. [S.l.]: Christopher. p. 14. 122 páginas. OCLC 609899968.
- ↑ Alexei Eryomin Noogenesis and Theory of Intellect. Krasnodar, 2005. — 356 p.