Saltar para o conteúdo

Liga do Sul

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Liga do Sul
League of the South
Tipo Organização não governamental
Grupo separatista
Fundação 1994
Estado legal Ativo
Propósito Criação de uma nação sulista branca neoconfederada baseada no cristianismo protestante.
Sede Killen, Alabama,  Estados Unidos
Presidente Michael Hill
Pessoas importantes Thomas Fleming, Michael Peroutka, Brad “Hunter Wallace” Griffin, Clyde N. Wilson, Isaac Baker, Michael Tubbs, Michael “Palmetto Patriot” Cushman e Thomas Woods.
Sítio oficial www.splcenter.org/fighting-hate/extremist-files/group/league-south

A Liga do Sul (em inglês: League of the South — LS) é uma organização americana nacionalista branca, neoconfederada e supremacista branca que diz que seu objetivo é "uma república sulista livre e independente".[1][2][3][4][5]

Com sede em Killen, Alabama, o grupo define o Sul dos Estados Unidos como os estados da Confederação: Alabama, Arkansas, Flórida, Geórgia, Louisiana, Mississippi, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Texas, Tennessee e Virgínia. Ele afirma ser também um movimento religioso e social, defendendo o retorno a uma cultura sulista mais tradicionalmente conservadora e de orientação cristã.[6][7]

O movimento e seus membros são aliados da direita alternativa. O grupo fazia parte da Frente Nacionalista [en] neonazista, anteriormente ao lado do Movimento Nacional Socialista (NSM), do agora extinto Partido dos Trabalhadores Tradicionalistas [en] (TWP) e da Vanguard America [en] (VA, desde então renomeada como Frente Patriota). O grupo ajudou a organizar o comício de Pikeville, em Pikeville, Kentucky; o comício "Unite the Right", em Charlottesville, Virgínia; e o comício "White Lives Matter", em Shelbyville, Tennessee.[8][9] O Centro de Direito da Pobreza do Sul o designou como um grupo de ódio.[10]

A organização foi fundada em 1994 por Michael Hill [en] e outros membros, incluindo o advogado Jack Kershaw [en] e o historiador libertário Thomas Woods.[11][12] O nome Liga do Sul foi escolhido em referência à Liga dos Sulistas Unidos (League of United Southerners), um grupo formado em 1858 para influenciar a opinião pública no Sul dos Estados Unidos, e à Liga Norte (Lega Nord), um movimento populista de sucesso no norte da Itália que serviu de inspiração para a organização.[13]

A reunião inaugural contou com a participação de 40 homens, dos quais 28 se tornaram membros da Liga Sulista (Southern League). Dois anos depois, o nome foi alterado para "A Liga do Sul" ("The League of the South") para evitar confusão com a Liga Sul da Liga Menor de Beisebol (Southern League of Minor League Baseball). Entre os primeiros membros estavam acadêmicos do Sul, incluindo o presidente Michael Hill, que lecionava história britânica e era especialista em história celta no Stillman College [en], uma instituição historicamente negra localizada em Tuscaloosa. Desde então, Hill não ocupa mais a posição de professor.[10][14]

Em 2000, a organização expressou seu apoio a Pat Buchanan e ao Partido Reformista.[15] Com o passar do tempo, as posições do grupo tornaram-se mais extremistas; em 2004, os membros fundadores Grady McWhiney [en] e Forrest McDonald [en] criticaram a liderança de Hill e decidiram deixar a organização.[10][16]

Bandeira da Liga do Sul, apelidada de “Bandeira de Cushman” e “Bandeira Nacionalista do Sul”

A Liga tem sido descrita como utilizando a mitologia celta de maneira beligerante, em resposta ao que percebem como uma celebração politicamente correta da diversidade multicultural no Sul dos Estados Unidos.[17][18][19]

O grupo defende a ideia de que o Sul dos Estados Unidos deveria ser um país independente, governado por homens brancos.[10][20]

Em 2001, a Liga solicitou ao Congresso dos EUA que destinasse US$ 5 bilhões em reparações por "propriedades" (incluindo seres humanos escravizados) que teriam sido tomadas ou destruídas pelas forças da União durante a Guerra Civil. O consultor jurídico do grupo, Jack Kershaw, afirmou que a proposta incluía o pagamento de reparações aos afro-americanos, argumentando que o fim da escravidão teve um impacto negativo sobre seus antepassados: “Os negros estavam em melhor situação na época anterior à guerra no Sul do que em qualquer outro lugar. [...] Eles também perderam muito quando esse estilo de vida foi destruído.”[21]

A Liga define a cultura sulista como profundamente cristã e antiaborto. Ela descreve essa cultura como sendo essencialmente anglo-céltica, originária das Ilhas Britânicas, e acredita na necessidade de preservar a cultura anglo-céltica que considera central para o Sul.[6][13]

Segundo a Liga, o Sul teria sido influenciado por uma sociedade marxista e igualitária. A Declaração de Crenças Fundamentais da Liga defende a estigmatização da "perversidade" e de tudo que, em sua visão, busca minar o casamento e a família.[6]

A Liga acredita que o que designa como "povo sulista" tem o direito de se separar dos Estados Unidos, defendendo que devem se libertar do que consideram um "jugo da opressão imperial" imposto pelo governo federal. A Liga promove a formação de uma Confederação Sulista composta por Estados soberanos e independentes. O grupo é a favor de uma imigração estritamente limitada, opõe-se à existência de exércitos permanentes e a qualquer forma de regulamentação sobre armas de fogo.[6] Esta nação independente proposta é vista nas publicações da Liga como parte de um esforço para reforçar a identidade única do "povo sulista”.[22]

A Liga concentra seus esforços na recriação e promoção da “secessão cultural”.[13] Em novembro de 2006, representantes da Liga participaram da Primeira Convenção Secessionista Norte-Americana, que reuniu secessionistas de diversas regiões do país.[23] Em outubro de 2007, co-organizou a Segunda Convenção Secessionista Norte-Americana em Chattanooga, Tennessee.[24]

Em 2015, o grupo anunciou a realização de um evento para comemorar o assassinato de Abraham Lincoln, promovendo John Wilkes Booth como um herói.[25] O evento foi organizado em 11 de abril de 2015 pelo vice-presidente da seção Maryland-Virginia da Liga, Shane Long, e a página oficial da Liga no Facebook incentivou a participação, descrevendo Booth como alguém que "conhecia um homem que precisava ser morto!”[10]

A Liga também tentou formar grupos paramilitares em diversas ocasiões.[26]

Em termos econômicos, o grupo se opõe à moeda fiduciária, à tributação da renda pessoal, ao banco central, aos impostos sobre propriedade e à maior parte da regulamentação estatal sobre negócios. O grupo defende a implementação de impostos sobre vendas e taxas de usuários.[6]

Designação como grupo de ódio

[editar | editar código-fonte]

No verão de 2000, o Centro de Direito da Pobreza do Sul (SPLC) designou a Liga do Sul como um grupo de ódio, citando sua abordagem de história revisionista e seus apelos à secessão. Michael Hill, líder da Liga, rejeitou essa classificação, alegando que era motivada politicamente.[10][27]

De acordo com a Liga Anti-Difamação (ADL), a Liga do Sul é identificada como um grupo de supremacia branca que promove o racismo e o antissemitismo, participando de eventos em colaboração com outros grupos de supremacia branca. Em 2017, o grupo se uniu à Frente Nacionalista, uma coalizão informal de neonazistas e outros supremacistas brancos.[4]

Michael Hill Ike Baker (centro) e Jeffrey Clark (direita) no comício Unite the Right em 2017

A diretoria da Liga é composta por Michael Hill, Mark Thomey, Mike Crane, Sam Nelson e John Cook.[10] Entre os membros fundadores estavam Thomas Fleming, Thomas Woods, Grady McWhiney, Clyde Wilson [en] e Forrest McDonald.[28][29]

Referências

  1. Pavia, Will (4 de dezembro de 2010). «'They call us rednecks and crackers but we can govern ourselves'». The Times. Consultado em 1 de novembro de 2024 
  2. Atkins, Steven E. (2011). Encyclopedia of Right-Wing Extremism In Modern American History. [S.l.]: ABC-CLIO. p. 166. Cópia arquivada em 24 de abril de 2017 
  3. Taylor, Helen (2002). The South and Britain. [S.l.]: Louisiana State University Press. p. 341. ISBN 9780807128404 
  4. a b «League of the South (LoS)». ADL. Consultado em 1 de novembro de 2024. Cópia arquivada em 17 de julho de 2018 
  5. Weill, Kelly (27 de março de 2018). «Neo-Confederate League of the South Banned From Armed Protesting in Charlottesville». Daily Beast. Consultado em 1 de novembro de 2024. Cópia arquivada em 28 de março de 2018 
  6. a b c d e «League of the South Core Beliefs Statement». League of the South. Consultado em 1 de novembro de 2024. Cópia arquivada em 15 de junho de 2008 
  7. Sebesta, Edward; Hague, Euan (2002). «The US Civil War as a Theological War: Confederate Christian Nationalism and the League of the South». Canadian Review of American Studies. 3 (32). Consultado em 1 de novembro de 2024. Cópia arquivada em 30 de outubro de 2005 
  8. «Meet the League: State Chairmen and Organizers of the League of the South». Souther Poverty Law Center. 9 de agosto de 2017. Consultado em 1 de novembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de outubro de 2017 
  9. «From Alt Right to Alt Lite: Naming the Hate». ADL. Consultado em 1 de novembro de 2024. Cópia arquivada em 24 de outubro de 2017 
  10. a b c d e f g «League of the South». Southern Poverty Law Center. Consultado em 1 de novembro de 2024. Cópia arquivada em 11 de março de 2010 
  11. Hummel, Jeffrey R. (30 de julho de 2014). «Review Essay of The Politically Incorrect Guide to American History by Thomas E. Woods, Jr.». Journal of Libertarian Studies. Consultado em 1 de novembro de 2024 
  12. Steinback, Robert (24 de setembro de 2010). «Jack Kershaw, Stalwart of White Nationalism, Dies». Souther Poverty Law Center. Consultado em 1 de novembro de 2024 
  13. a b c «Frequently Asked Questions About The LS». Consultado em 1 de novembro de 2024. Cópia arquivada em 10 de abril de 2016 
  14. «Michael Hill». Souther Poverty Law Center. Consultado em 1 de novembro de 2024 
  15. Lee, Martin. «Patrick Buchanan's Reform Party Begins to Unravel». Souther Poverty Law Center. Consultado em 1 de novembro de 2024 
  16. «Some Southern Intellectuals Push Neo-Confederate Views of History». Souther Poverty Law Center. 21 de dezembro de 2004. Consultado em 1 de novembro de 2024 
  17. Jones, Suzanne; Monteith, Sharon (2002). South to A New Place: Region, Literature, Culture. [S.l.]: LSU Press. p. 341. ISBN 9780807128404 
  18. Walkowitz, Daniel J.; Knauer, Lisa Maya (2005). Memory and the Impact of Political Transformation in Public Space. [S.l.]: Duke University Press. p. 39. ISBN 978-0-8223-3364-7 
  19. Atkins, Stephen E (2002). Encyclopedia of modern American extremists and extremist groups. [S.l.]: Greenwood Press. p. 183. ISBN 9780313315022 
  20. Hayden, Michael (27 de janeiro de 2018). «White Nationalist Group Linked to Charlottesville Violence Descends on Florida». Newsweek. Consultado em 1 de novembro de 2024 
  21. Ahmed, Saeed (13 de abril de 2011). «Group seeks reparations for Civil War 'atrocities'». The Atlanta Constitution. p. 6. Consultado em 1 de novembro de 2024 
  22. «The League of the South». League of the South. Consultado em 1 de novembro de 2024. Cópia arquivada em 26 de setembro de 2007 
  23. Shapiro, Gary (27 de setembro de 2006). «Modern-Day Secessionists Will Hold a Conference on Leaving the Union». The New York Sun. Consultado em 1 de novembro de 2024 
  24. Applebome, Peter (18 de outubro de 2007). «A Vision of a Nation No Longer in the U.S.». The New York Times. Consultado em 1 de novembro de 2024 
  25. «League of the South Plans April Celebration of Lincoln's Assassination». Patheos. 22 de fevereiro de 2015. Consultado em 1 de novembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de fevereiro de 2015 
  26. «League of the South Announces Formation of 'Southern Defense Force'». Southern Poverty Law Center. 26 de fevereiro de 2017. Consultado em 1 de novembro de 2024 
  27. DeSantis, John (7 de setembro de 2000). «League of the South branded a hate group». The Sun Herald: 1. Consultado em 1 de novembro de 2024 
  28. Young, Cathy (2005). «Behind the Jeffersonian Veneer». Reason. Consultado em 1 de novembro de 2024 
  29. Young, Cathy (21 de fevereiro de 2005). «Last of the Confederates». Boston.com. Consultado em 1 de novembro de 2024. Cópia arquivada em 10 de outubro de 2016