Osroes I
Osroes I | |
---|---|
Xainxá | |
Tetradracma de Osroes I cunhado em Ecbátana | |
Xá do Império Arsácida | |
Reinado | 109-116 |
Antecessor(a) | Pácoro II |
Sucessor(a) | Partamaspates |
Xá do Império Arsácida | |
Reinado | 117-129 |
Predecessor(a) | Partamaspates |
Sucessor(a) | Vologases III |
Nascimento | século I |
Morte | 129 |
Descendência | Partamaspates |
Dinastia | arsácida |
Religião | Zoroastrismo |
Osroes I (em latim: Osroes; em grego: Οσρόης, Osróes) ou Cosroes I (em latim: Chosroes; em grego: Χοσρόης, Chosróes; em parta: 𐭇𐭅𐭎𐭓𐭅; romaniz.: Xusrōw) foi um contendor parta, que governou a porção ocidental do Império Arsácida de 109 a 129, com uma interrupção de um ano. Durante a maior parte de seu reinado, lutou com o rei rival Vologases III (r. 110–147), que estava baseado nas províncias orientais. Em 116, Osroes I foi brevemente deposto de seu trono em Ctesifonte durante uma invasão do imperador Trajano (r. 98–117), que empossou o filho de Osroes, Partamaspates. Após a morte de Trajano no ano seguinte, o governo de Osroes I foi reinstaurado pela nobreza parta. Em 129, foi destituído do poder por Vologases III.
Nome
[editar | editar código-fonte]Osroes (em grego: Οσρόης, Osróēs) ou Cosroes (Χοσρόης, Chosróēs) é a variante grega e latina do parta e persa médio Cusrou (𐭇𐭅𐭎𐭓𐭅, Xusrōw) ou Cusrau (Xusraw), que por sua vez deriva do avéstico Haosraua (Haosrauuah), "aquele que tem boa fama".[1][2] Foi registrado em armênio como Cosrove (Խոսրով, Xosrov),[3] em árabe como Quisra (كسرى, Kisra) em persa novo como Cosrove (خسرو, Ḫosrow).[1][4]
Vida
[editar | editar código-fonte]Em 109, Osroes I se revoltou contra o xainxá Pácoro II (r. 78–110) para reivindicar o trono para si.[5] Durante o reinado do filho de Pácoro II, Vologases III (r. 110–147), conseguiu tomar a parte ocidental do império, incluindo a Mesopotâmia, enquanto Vologases III governava no leste.[6] Em 113, violou o Tratado de Randeia com o Império Romano ao depor o irmão de Vologases III, Axídares, e nomear o irmão deste último, Partamásiris, como rei da Armênia.[7] Isso deu ao imperador Trajano (r. 98–117) o pretexto para invadir o domínio parta e tirar vantagem da guerra civil em andamento entre Vologases III e Osroes I.[6][8] Em 114, Trajano conquistou a Armênia e a transformou numa província romana.[7] Em 116, capturou Selêucia do Tigre e Ctesifonte, as capitais dos partos.[6][8] Trajano chegou até o Golfo Pérsico, onde forçou o governante vassalo parta de Caracena, Atambelo VII, a pagar tributo.[9] Temendo uma revolta dos partos, Trajano instalou o filho de Osroes I, Partamaspates, no trono em Ctesifonte.[10][11] Durante sua expedição, Trajano capturou uma filha de Osroes I, que permaneceu cativa romana até o tratado de paz concluído entre as duas potências em 129.[12]
Os ganhos de Trajano foram de curta duração. Revoltas ocorreram em todos os territórios conquistados, com os babilônios e judeus expulsando os romanos da Mesopotâmia, e os armênios sob Sanatruces I causando problemas.[6][8][7] Após a morte de Trajano em 117, os partas removeram Partamaspates do trono e restabeleceram Osroes I.[10] O sucessor de Trajano, Adriano (r. 117–138) renunciou os remanescentes das conquistas de Trajano no leste e reconheceu o Tratado de Randeia, com o príncipe parta Vologases I se tornando o novo rei da Armênia.[8][7][13] O estado enfraquecido da parte ocidental do Império Arsácida deu a Vologases III (cujos domínios orientais estavam intocados) a oportunidade de recuperar o território perdido apreendido por Osroes I.[6] Em 129, Vologases III finalmente conseguiu remover Osroes I do poder.[5][14]
Cunhagem
[editar | editar código-fonte]No anverso de suas moedas de prata, Osroes I é retratado com seus cabelos em cachos, enquanto usa um diadema. Em suas moedas de bronze, no entanto, é retratado com uma tiara com ganchos e um chifre na lateral.[15] As moedas de Osroes I se assemelham muito às de seu homônimo, o governante da Elimaida Osroes, o que levou os estudiosos a sugerir que podem ter sido a mesma pessoa. Outra possibilidade é que o governante da Elimaida tenha copiado a cunhagem de Osroes I.[16][17]
Referências
- ↑ a b Nicholson 2018.
- ↑ Martirosyan 2021, p. 13.
- ↑ Adalian 2010, p. xxxii.
- ↑ Ačaṙyan 1942–1962, p. 1188-1189.
- ↑ a b Dąbrowa 2012, p. 176, 391.
- ↑ a b c d e Gregoratti 2017, p. 133.
- ↑ a b c d Chaumont 1986, p. 418–438.
- ↑ a b c d Dąbrowa 2012, p. 176.
- ↑ Hansman 1998, p. 363–365.
- ↑ a b Kettenhofen 2004.
- ↑ Bivar 1983, p. 91.
- ↑ Madreiter 2020, p. 9.
- ↑ Badian 2002, p. 458.
- ↑ Kia 2016, p. 203.
- ↑ Olbrycht 1997, p. 33.
- ↑ Hansman 1998, p. 373-376.
- ↑ Rezakhani 2013, p. 775.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Խոսրով». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã
- Adalian, Rouben Paul (2010). Historical Dictionary of Armenia. Lanham, Marilândia: Scarecrow Press. ISBN 978-0-8108-7450-3
- Badian, Ernst (2002). «Hadrian». Enciclopédia Irânica, Vol. XI, Fasc. 4. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. p. 458
- Bivar, A. D. H. (1983). «The Political History of Iran under the Arsacids». In: Yarshater, Ehsan. The Cambridge History of Iran, Volume 3 (1): The Seleucid, Parthian and Sasanian Periods. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. pp. 21–99. ISBN 0-521-20092-X
- Chaumont, M. L. (1986). «Armenia and Iran ii. The pre-islamic Period». Enciclopédia Irânica Vol. II, Fasc. 4. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia
- Chaumont, M. L.; Schippmann, K. (1988). «Balāš VI». Enciclopédia Irânica, Vol. III, Fasc. 6. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. pp. 574–580
- Dąbrowa, Edward (2012). «The Arsacid Empire». In: Daryaee, Touraj. The Oxford Handbook of Iranian History. Oxônia: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-987575-7
- Gregoratti, Leonardo (2017). «The Arsacid Empire». In: Daryaee, Touraj. King of the Seven Climes: A History of the Ancient Iranian World (3000 BCE - 651 CE). Irvine, Califórnia: Centro da Jordânia para Estudos e Cultura Persa. ISBN 9780692864401
- Hansman, John (1998). «Elymais». Enciclopédia Irânica. Nova Iorque: Editora da Universidade de Colúmbia
- Kettenhofen, Erich (2004). «Trajan». Enciclopédia Irânica. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. pp. 418–438
- Kia, Mehrdad (2016). The Persian Empire: A Historical Encyclopedia [2 volumes]. Santa Bárbara: ABC-CLIO. ISBN 978-1610693912
- Madreiter, Irene; Hartmann, Udo (2020). «Women at the Arsacid court (draft)». In: Carney, E.; Müller, S. the Routledge Companion to Women and Monarchy in the Ancient Mediterranean. Londres e Nova Iorque: Routledge
- Martirosyan, Hrach (2021). «Faszikel 3: Iranian Personal Names in Armenian Collateral Tradition». In: Schmitt, Rudiger; Eichner, Heiner; Fragner, Bert G.; Sadovski, Velizar. Iranisches Personennamenbuch. Iranische namen in nebenüberlieferungen indogermanischer sprachen. Viena: Academia Austríaca de Ciências
- Nicholson, Oliver; Canepa, Matthew; Daryaee, Touraj (2018). «Khosrow I Anoshirvan». In: Nicholson, Oliver. The Oxford Dictionary of Late Antiquity. Oxônia: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-866277-8
- Olbrycht, Marek Jan (1997). «Parthian King's tiara - Numismatic evidence and some aspects of Arsacid political ideology». Notae Numismaticae. 2: 27–61
- Skjærvø, Prods Oktor (2000). «Enciclopédia Irânica - KAYĀNIĀN vii. Kauui Haosrauuah, Kay Husrōy, Kay Ḵosrow». Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia
- Rezakhani, Khodadad (2013). «Arsacid, Elymaean, and Persid Coinage». In: Potts, Daniel T. The Oxford Handbook of Ancient Iran. Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia. ISBN 978-0199733309