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Osroes I

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, veja Cosroes.
Osroes I
Xainxá
Osroes I
Tetradracma de Osroes I cunhado em Ecbátana
Xá do Império Arsácida
Reinado 109-116
Antecessor(a) Pácoro II
Sucessor(a) Partamaspates
Xá do Império Arsácida
Reinado 117-129
Predecessor(a) Partamaspates
Sucessor(a) Vologases III
 
Nascimento século I
Morte 129
Descendência Partamaspates
Dinastia arsácida
Religião Zoroastrismo

Osroes I (em latim: Osroes; em grego: Οσρόης, Osróes) ou Cosroes I (em latim: Chosroes; em grego: Χοσρόης, Chosróes; em parta: 𐭇𐭅𐭎𐭓𐭅; romaniz.: Xusrōw) foi um contendor parta, que governou a porção ocidental do Império Arsácida de 109 a 129, com uma interrupção de um ano. Durante a maior parte de seu reinado, lutou com o rei rival Vologases III (r. 110–147), que estava baseado nas províncias orientais. Em 116, Osroes I foi brevemente deposto de seu trono em Ctesifonte durante uma invasão do imperador Trajano (r. 98–117), que empossou o filho de Osroes, Partamaspates. Após a morte de Trajano no ano seguinte, o governo de Osroes I foi reinstaurado pela nobreza parta. Em 129, foi destituído do poder por Vologases III.

Osroes (em grego: Οσρόης, Osróēs) ou Cosroes (Χοσρόης, Chosróēs) é a variante grega e latina do parta e persa médio Cusrou (𐭇𐭅𐭎𐭓𐭅, Xusrōw) ou Cusrau (Xusraw), que por sua vez deriva do avéstico Haosraua (Haosrauuah), "aquele que tem boa fama".[1][2] Foi registrado em armênio como Cosrove (Խոսրով, Xosrov),[3] em árabe como Quisra (كسرى, Kisra) em persa novo como Cosrove (خسرو, Ḫosrow).[1][4]

Áureo retratando as vitórias de Trajano no Oriente no qual o imperador concede a diadema a Partamaspates
Tetracalque de Osroes cunhado em Selêucida do Tigre

Em 109, Osroes I se revoltou contra o xainxá Pácoro II (r. 78–110) para reivindicar o trono para si.[5] Durante o reinado do filho de Pácoro II, Vologases III (r. 110–147), conseguiu tomar a parte ocidental do império, incluindo a Mesopotâmia, enquanto Vologases III governava no leste.[6] Em 113, violou o Tratado de Randeia com o Império Romano ao depor o irmão de Vologases III, Axídares, e nomear o irmão deste último, Partamásiris, como rei da Armênia.[7] Isso deu ao imperador Trajano (r. 98–117) o pretexto para invadir o domínio parta e tirar vantagem da guerra civil em andamento entre Vologases III e Osroes I.[6][8] Em 114, Trajano conquistou a Armênia e a transformou numa província romana.[7] Em 116, capturou Selêucia do Tigre e Ctesifonte, as capitais dos partos.[6][8] Trajano chegou até o Golfo Pérsico, onde forçou o governante vassalo parta de Caracena, Atambelo VII, a pagar tributo.[9] Temendo uma revolta dos partos, Trajano instalou o filho de Osroes I, Partamaspates, no trono em Ctesifonte.[10][11] Durante sua expedição, Trajano capturou uma filha de Osroes I, que permaneceu cativa romana até o tratado de paz concluído entre as duas potências em 129.[12]

Os ganhos de Trajano foram de curta duração. Revoltas ocorreram em todos os territórios conquistados, com os babilônios e judeus expulsando os romanos da Mesopotâmia, e os armênios sob Sanatruces I causando problemas.[6][8][7] Após a morte de Trajano em 117, os partas removeram Partamaspates do trono e restabeleceram Osroes I.[10] O sucessor de Trajano, Adriano (r. 117–138) renunciou os remanescentes das conquistas de Trajano no leste e reconheceu o Tratado de Randeia, com o príncipe parta Vologases I se tornando o novo rei da Armênia.[8][7][13] O estado enfraquecido da parte ocidental do Império Arsácida deu a Vologases III (cujos domínios orientais estavam intocados) a oportunidade de recuperar o território perdido apreendido por Osroes I.[6] Em 129, Vologases III finalmente conseguiu remover Osroes I do poder.[5][14]

No anverso de suas moedas de prata, Osroes I é retratado com seus cabelos em cachos, enquanto usa um diadema. Em suas moedas de bronze, no entanto, é retratado com uma tiara com ganchos e um chifre na lateral.[15] As moedas de Osroes I se assemelham muito às de seu homônimo, o governante da Elimaida Osroes, o que levou os estudiosos a sugerir que podem ter sido a mesma pessoa. Outra possibilidade é que o governante da Elimaida tenha copiado a cunhagem de Osroes I.[16][17]

Referências

  1. a b Nicholson 2018.
  2. Martirosyan 2021, p. 13.
  3. Adalian 2010, p. xxxii.
  4. Ačaṙyan 1942–1962, p. 1188-1189.
  5. a b Dąbrowa 2012, p. 176, 391.
  6. a b c d e Gregoratti 2017, p. 133.
  7. a b c d Chaumont 1986, p. 418–438.
  8. a b c d Dąbrowa 2012, p. 176.
  9. Hansman 1998, p. 363–365.
  10. a b Kettenhofen 2004.
  11. Bivar 1983, p. 91.
  12. Madreiter 2020, p. 9.
  13. Badian 2002, p. 458.
  14. Kia 2016, p. 203.
  15. Olbrycht 1997, p. 33.
  16. Hansman 1998, p. 373-376.
  17. Rezakhani 2013, p. 775.
  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Խոսրով». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Badian, Ernst (2002). «Hadrian». Enciclopédia Irânica, Vol. XI, Fasc. 4. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. p. 458 
  • Bivar, A. D. H. (1983). «The Political History of Iran under the Arsacids». In: Yarshater, Ehsan. The Cambridge History of Iran, Volume 3 (1): The Seleucid, Parthian and Sasanian Periods. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. pp. 21–99. ISBN 0-521-20092-X 
  • Chaumont, M. L.; Schippmann, K. (1988). «Balāš VI». Enciclopédia Irânica, Vol. III, Fasc. 6. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. pp. 574–580 
  • Dąbrowa, Edward (2012). «The Arsacid Empire». In: Daryaee, Touraj. The Oxford Handbook of Iranian History. Oxônia: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-987575-7 
  • Gregoratti, Leonardo (2017). «The Arsacid Empire». In: Daryaee, Touraj. King of the Seven Climes: A History of the Ancient Iranian World (3000 BCE - 651 CE). Irvine, Califórnia: Centro da Jordânia para Estudos e Cultura Persa. ISBN 9780692864401 
  • Hansman, John (1998). «Elymais». Enciclopédia Irânica. Nova Iorque: Editora da Universidade de Colúmbia 
  • Kettenhofen, Erich (2004). «Trajan». Enciclopédia Irânica. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. pp. 418–438 
  • Kia, Mehrdad (2016). The Persian Empire: A Historical Encyclopedia [2 volumes]. Santa Bárbara: ABC-CLIO. ISBN 978-1610693912 
  • Madreiter, Irene; Hartmann, Udo (2020). «Women at the Arsacid court (draft)». In: Carney, E.; Müller, S. the Routledge Companion to Women and Monarchy in the Ancient Mediterranean. Londres e Nova Iorque: Routledge 
  • Martirosyan, Hrach (2021). «Faszikel 3: Iranian Personal Names in Armenian Collateral Tradition». In: Schmitt, Rudiger; Eichner, Heiner; Fragner, Bert G.; Sadovski, Velizar. Iranisches Personennamenbuch. Iranische namen in nebenüberlieferungen indogermanischer sprachen. Viena: Academia Austríaca de Ciências 
  • Nicholson, Oliver; Canepa, Matthew; Daryaee, Touraj (2018). «Khosrow I Anoshirvan». In: Nicholson, Oliver. The Oxford Dictionary of Late Antiquity. Oxônia: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-866277-8 
  • Olbrycht, Marek Jan (1997). «Parthian King's tiara - Numismatic evidence and some aspects of Arsacid political ideology». Notae Numismaticae. 2: 27–61 
  • Rezakhani, Khodadad (2013). «Arsacid, Elymaean, and Persid Coinage». In: Potts, Daniel T. The Oxford Handbook of Ancient Iran. Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia. ISBN 978-0199733309