Ghassan Kanafani
Ghassan Kanafani غسان كنفاني | |
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Homenagem ao grafite, 2004 | |
Nascimento | 9 de abril de 1936 Acre, Mandato Britânico da Palestina |
Morte | 8 de julho de 1972 (36 anos) Beirute, Líbano |
Nacionalidade | Palestina |
Ocupação | Escritor e ativista político |
Prêmios |
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Página oficial | |
http://www.ghassankanafani.com/indexen.html |
Ghassan Kanafani, em árabe: غسان كنفاني, (Acre, Palestina, 9 de Abril de 1936 – Beirute, Líbano, 8 de Julho de 1972), foi um escritor e ativista político palestino, cofundador da Frente Popular para a Libertação da Palestina. Escreveu romances, peças de teatro, contos e ensaios políticos, traduzidos para mais de 17 idiomas.[1] Em 1972 foi assassinado pelo serviço secreto israelense.[2][3]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Ghassan Fayiz Kanafani nasceu na cidade de Acre, durante o Mandato Britânico na Palestina, em 9 de abril de 1936. Era o terceiro filho de Muhammad Fayiz Abd al Razzag, um advogado que atuava no movimento nacional e se opunha à ocupação britânica.[4] Kanafani recebeu sua educação inicial em uma escola missionária católica francesa em Jaffa.[4] Ainda jovem, mudou-se com a família para Haifa. Em 1948, exilaram-se ao sul do Líbano e, mais tarde, instalaram-se permanentemente em Damasco, na Síria.
Em Damasco, completou o ensino secundário e estudou Literatura na Universidade de Damasco. Em 1952, obteve o título de professor da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA). Foi professor de arte para cerca de 1 200 crianças palestinas deslocadas em um campo de refugiados, onde começou a escrever histórias curtas para ajudar seus alunos a entender sua situação.[5]
No mesmo ano, ingressou no Departamento de Filologia Árabe da Universidade de Damasco, onde, sob a supervisão do Dr. George Habash, escreveu sua tese "Raça e religião na literatura sionista", base para o estudo de 1967 "Literatura sionista".[6] Sob a influência de Habash iniciou suas atividades políticas, envolvendo-se no Movimento Nacionalista Árabe (MNA). Em 1955, como consequência de suas atividades políticas, foi expulso da universidade e estabeleceu-se no Kuwait, onde trabalhou como professor[5] até 1960.
Durante sua permanência no Kuwait, consolidou seu compromisso político ao se tornar editor do jornal jordaniano Al Ra'i (رأي,A Opinião), afiliado ao MNA. Em 1960, Habash o convence a se mudar para Beirute e juntar-se à equipe do jornal al-Hurriyya (حرية, Liberdade). Foi nesse período que Kanafani começou a se interessar pelo marxismo.[3]
Em 1961, conheceu Anni Høver, uma dinamarquesa, educadora e ativista dos direitos das crianças, com quem teve dois filhos.
Assumiu o cargo de editor do jornal nasserista al-Muḥarrir (محرر, O Libertador) e da revista de domingo Filistīn (فلسطين, Palestina) em 1963.[6] No mesmo ano, escreveu sua primeira e mais aclamada novela Riŷāl fī-š-šams (رجال في الشمس, Homens ao Sol).
Em 1967, tornou-se editor do jornal Al Anwar (A iluminação), também nasserista, escrevendo ensaios sob o pseudônimo de Faris Faris.[7] No mesmo ano, ele se juntou à Frente Popular para a Libertação da Palestina, uma clivagem marxista-leninista do MNA, e em 1969, renunciou ao Al-Anwar para editar a revista semanal da Frente Popular, al-Hadaf (الهدف, O alvo), marcando seu afastamento do nacionalismo pan-árabe para a luta palestina revolucionária.[8]
Em 8 de julho de 1972, Kanafani então com 36 anos, foi assassinado em Beirute ao ligar seu carro Austin 1100, detonando uma granada e um explosivo plástico de 3 quilos inserido na barra do para-choques de seu carro.[9] Kanafani foi incinerado, juntamente com sua sobrinha de dezessete anos, Lamees Najim.[3][10][11] O Mossad, serviço secreto israelense, reivindicou a responsabilidade pelo assassinato.[12][13]
O assassinato foi tratado como uma resposta ao massacre do aeroporto de Lod, realizado por três membros do exército vermelho japonês. Na época, Kanafani era o porta-voz da Frente Popular para a Libertação da Palestina, e o grupo reivindicou a responsabilidade pelo ataque.[14]
O obituário de Kanafani no jornal The Daily Star, do Líbano, escreveu: "Ele foi um soldado que nunca disparou uma arma, cuja arma foi uma caneta esferográfica e sua arena, as páginas do jornal".[15][16] Na ocasião de sua morte, vários romances incompletos foram encontrados, um deles datando de 1966.[17]
Em 1975, foi o vencedor póstumo do Prêmio Lótus para Literatura da Conferência dos Escritores Afro-Asiáticos.[18][19] Sua memória é celebrada por meio da criação da Fundação Cultural Ghassan Kanafani, em 1974, que desde seu início estabeleceu oito jardins de infância para os filhos de refugiados palestinos.[20]
Obras em português
[editar | editar código-fonte]- Contos da Palestina: O Povo Sem Terra, 1986. (Ed. Brasiliense)
- Homens ao Sol, 2012. (Bibliaspa)
- A Revolta de 1936-1939 na Palestina, 2015. (Ed. Sundermann)
Obras em árabes
[editar | editar código-fonte]- Nota: Alguns nomes estão grosseiramente traduzidos
- 1961 - Uma morte na Cama No.12 (mawt fi sarir raqam 12)
- 1963 - A Terra das Laranjas Tristes (ard al-burtuqal al-hazin)
- 1963 - Homens ao sol (rijal fi-sh-shams)
- 1964 - A Porta (al-bab)
- 1965 - O mundo que não é nosso ('aalam laysa lana)
- 1966 - Literatura da Resistência na Palestina Ocupada 1948-1966 ('adab al-muqawamah fi filastin al-muhtalla 1948-1966)
- 1966 - Isso é tudo que foi deixado para você (ma tabaqqa lakum)
- 1967 - Sobre a Literatura Sionista (fi al-adab al-sahyuni)
- 1968 - Literatura Palestina de Resistência sob à Ocupação: 1948-1968 (al-adab al-filastini al-muqawim taht al-ihtilal: 1948-1968)
- 1968 - Sobre homens e rifles ('an ar-rijal wa-l-banadiq)
- 1969 - Umm Sa'd
- 1969 - Retorno a Haifa (a'id ila Hayfa)
- 1972 - O Cego e o Surdo (al-a'ma wa-al-atrash)
- 1972 - Os damascos de abril (Barquq Naysan)
- 1973 - O Chapéu e o Profeta (al-qubba'ah wa-l-nabi, inacabado)
- 1974 - A Revolução de 1936-39 na Palestina (thawra 1936-39 fi filastin)
- 1978 - Uma ponte para eternidade (jisr ila-al-abad)
- 1982 - A camiseta roubada e outras histórias (al-qamis al-masruq wa-qisas ukhra)
- 1983 - The Slave Fort' in Arabic Short Stories (transl. by Denys Johnson-Davies)
Referências
- ↑ «In memoriam: Ghassan Kanafani, Palestine's most famous novelist and political activist killed by Israel». The New Arab. 9 de julho de 2019. Consultado em 5 de outubro de 2024
- ↑ Harlow, Barbara (1986). «Return to Haifa: "Opening the Borders" in Palestinian Literature»: 3–23
- ↑ a b c Mattar, Philipp (2000). Philp Mattar, ed. Encyclopedia of Palestinians. [S.l.]: Facts on File. 514 páginas. ISBN 0-8160-5764-8
- ↑ a b Zalman 2004, p. 683.
- ↑ a b Zalman 2004, p. 685.
- ↑ a b Rabbani 2005, p. 275.
- ↑ Zalman 2004, p. 688.
- ↑ Rabbani 2005, p. 275.
- ↑ Pedahzur 2009, pp. 39–40.
- ↑ La Vanguardia. «Edición del domingo, 9 de julio de 1972, página 14» (em espanhol). Consultado em 10 de junho de 2012
- ↑ RILEY, Karen (2000). “A Biographical Essay”. In: KANAFANI. Ghassan. Palestine's Children: Returning to Haifa and Other Stories. Boulder: Lynne Rienner Publishers, Inc., 2000. [S.l.: s.n.] ISBN 9780894108907
- ↑ Harlow 1994, p. 181.
- ↑ Zalman 2006, p. 48.
- ↑ Pedahzur 2009, pp. 39–40
- ↑ Harlow 1996, p. 179.
- ↑ Abraham 2014, p. 101.
- ↑ Rabbani 2005, p. 276.
- ↑ Rabbani 2005, pp. 275–276.
- ↑ Reigeluth 2008, p. 308.
- ↑ Abu Saba 1999, p. 250.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Site oficial (em árabe e inglês)
- Fundação Cultural Ghassan Kanafani (em inglês)