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Cyperus esculentus

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaCyperus esculentus

Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Poales
Família: Cyperaceae
Gênero: Cyperus
Espécie: C. esculentus
Nome binomial
Cyperus esculentus

A Cyperus esculentus, comummente conhecida como juncinha[1], é uma planta herbácea, perene e rizomatosa, pertencente à família Ciperáceas e ao tipo fisionómico dos geófitos[2].

Chega a alcançar meio metro de altura, exibe caules glabros, de secção triangular, folhas lineares e inflorescências com espiguetas avermelhadas.[3] Produz um tubérculo rizomático de sabor açucarado conhecido como chufa.[4]

Dá ainda pelos seguintes nomes comuns: junça[5] (não confundir com a Cyperus longus, que com ela partilha este nome); junça-de-conta[6]; chufa[7] e juncinha-mansa.[2]

  • "Junça" provém do latim juncea, que significa "de junco", isto é, "planta de junco".[8]
  • O substantivo «chufa», por seu turno, advirá do homólogo castelhano.[9]
  • Os nomes «junça-de-conta», «juncinha-mansa» e «juncinha» são derivativos do substantivo «junça», o primeiro com alusão ao rizoma doce das raízes, cujo formato esférico pode lembrar uma conta[6]; o segundo com alusão ao cultivo e domesticação da espécie[2]; o terceiro trata-se de mero hipocorístico[1].

A junça-das-contas é uma planta perene e herbácea de colmo único.[10] O colmo pode atingir entre 10 a 90 centímetros e dele despontam, subterraneamente, numerosos estolhos.[11]

Das pontas dos estolhos brotam tubérculos rizomáticos de formato elipsoide, as chufas, que atingem entre 10 a 18 milímetros de comprimento.[10]

Floresce entre agosto e setembro.[12]

Distribuição Geral

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É própria da orla Mediterrânica e do Sudoeste europeu[12], sendo certo que, hodiernamente, se trata duma espécie cosmopolita, distribuída em zonas tropicais e temperadas do globo.[10]

Trata-se de uma espécie autóctone, presente no território português, nomeadamente em Portugal Continental[12] e no Arquipélago da Madeira.[13] Mais concretamente, medra nas zonas do Noroeste ocidental; nas zonas do Centro-Oeste arenoso e olissiponense; no Centro-Sul plistocénico; no Sudeste meridional; e nas zonas do Sudoeste setentrional e meridional.[12]

Em termos de naturalidade é nativa da região atrás indicada.

Privilegia courelas e solos agricultados ou pouco alagados.[3]

Não se encontra protegida por legislação portuguesa ou da Comunidade Europeia.

São reputadas propriedades digestivas e tónicas às chufas, aliviando a flatulência e promovendo a produção de urina e menstruação.[12][14]

Às chufas são, ainda, atribuídas propriedades afrodisíacas, carminativas, diuréticas, emenagogas, estimulantes e tónicas.[15][14]

As folhas, quando aplicadas topicamente, sob a forma de emplastro ou unguento, foram historicamente usadas como mezinhas contra as cefaleias. [16]

As chufas são comestíveis e têm um sabor semelhante ao das nozes, mas ligeiramente suave. Também se assemelha ao tubérculo do Cyperus rotundus, se bem que este é, por sinal, mais amargo. São bastante duras e, geralmente, têm de ser postas de molho antes de poderem ser ingeridas. Têm vários usos; em particular, são usados em Espanha para se fazer o refresco conhecido como "orchata de chufa".[4]

Têm um excelente valor nutricional, com uma quantidade de calorias semelhante à das azeitonas. São ricos em minerais, principalmente fósforo e potássio. Também são livres de colesterol, como todo produto de origem vegetal, e glúten e têm muito pouco sódio. O óleo que delas se extrai contém 18 por cento de ácidos gordos saturados (ácido palmítico e ácido esteárico) e 82% de ácidos gordos insaturados (ácido oleico e ácido linoleico).[17]

O refresco feito a partir de suas raízes é conhecido por horchata e pode ser usado na dieta dos intolerantes à lactose.

Atendendo à elevada percentagem (20 a 36 por cento) de óleo nos tubérculos, a sua utilização na produção de biodiesel foi pondera em meados da década de noventa do século passado.[17] O óleo das chufas não seca e é utilizado na confecção de sabões[18].

Não solidifica aos 0°c e é fácil de armazenar, sem que se corra o risco de ficar rançoso.[19]

É ainda usado como ingrediente em preparados cosméticos e cremes dermatológicos.[20]

Referências

  1. a b Infopédia. «juncinha | Definição ou significado de juncinha no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 5 de setembro de 2021 
  2. a b c «Flora-On | Flora de Portugal». flora-on.pt. Consultado em 5 de setembro de 2021 
  3. a b Tutin, T. G.; Heywood, V. H.; Burges, N. A.; Valentine, D. H. (1976). Flora Europaea: Plantaginaceae to Compositae (and Rubiaceae) (em inglês). Cambridge: Cambridge University Press. 534 páginas. ISBN 0521087171 
  4. a b FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.400
  5. Infopédia. «junça | Definição ou significado de junça no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 5 de setembro de 2021 
  6. a b Infopédia. «junça-de-conta | Definição ou significado de junça-de-conta no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 5 de setembro de 2021 
  7. Infopédia. «chufa | Definição ou significado de chufa no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 5 de setembro de 2021 
  8. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.993
  9. RAE; RAE. «chufa | Diccionario esencial de la lengua española». «Diccionario esencial de la lengua española» (em espanhol). Consultado em 5 de setembro de 2021 
  10. a b c «Cyperus esculentus - Useful Tropical Plants». tropical.theferns.info. Consultado em 5 de setembro de 2021 
  11. «Cyperaceae in Flora of China @ efloras.org». www.efloras.org. Consultado em 5 de setembro de 2021 
  12. a b c d e «Jardim Botânico UTAD | Cyperus_esculentus». webcache.googleusercontent.com. Consultado em 30 de dezembro de 2020 
  13. «Flora-On | Flora de Portugal». flora-on.pt. Consultado em 5 de setembro de 2021 
  14. a b Chevallier, Andrew (1996). The Encyclopedia of Medicinal Plants. London, UK: Dorling Kindersley. 336 páginas. ISBN 9-780751-303148 
  15. Chopra, R. N.; Nayar, S. L.; Chopra, Ishwar C. (1956). Glossary of Indian Medicinal Plants: Hauptbd. (em inglês). Nova Deli: Council of Scientific & Industrial Research, Publications & Informations Directorate. 329 páginas. ISBN 9788185038872 
  16. Caius, J.F. (1936). «The Medicinal and Poisonous Sedges of India». Natural History Society,. The Journal of the Bombay Vol 38 No. 1: 163-170 
  17. a b Elsevier Science B.V. (setembro de 1996). «Yellow nut-sedge (Cyperus esculentus L.) tuber oil as a fuel» (em inglês). Consultado em 5 de agosto de 2008 
  18. Schery, Robert W. (1952). Plants for Man (em inglês). Oakland, Ca, USA: Prentice-Hall. 564 páginas. ISBN 9780136812548 
  19. institut, Akademii͡a nauk SSSR Botanicheskiĭ (1968). Flora of the U.S.S.R. (em inglês). Michigan: Israel Program for Scientific Translations. 1072 páginas. ISBN 9783874292290 
  20. «CosIng - Cosmetics - GROWTH - European Commission». ec.europa.eu. Consultado em 5 de setembro de 2021 
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