Rosana Paulino
Rosana Paulino | |
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Nascimento | 1967 (57 anos) São Paulo, Brasil |
Nacionalidade | brasileira |
Área | Artes visuais |
Página oficial | |
Rosana Paulino |
Rosana Paulino (São Paulo, 1967) é uma artista multimídia brasileira, educadora e curadora. [1].[2] É doutora em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e especialista em gravura pelo London Print Studio.[3][4]
Biografia e obra
[editar | editar código-fonte]Suas obras têm como foco principal as questões sociais, de etnia e de gênero que dizem respeito à mulher negra na sociedade brasileira. Nesse sentido, sua produção busca questionar os estereótipos de beleza e comportamento que historicamente estão associados às mulheres negras e mestiças[5]. Chamam a atenção também para a violência dirigida à população negra, intermediando uma reflexão crítica sobre a contemporaneidade e a vida da própria artista.
“ | Rosana Paulino está inserida no que a pesquisadora Kátia Canton chama de “Novíssima Arte Brasileira” (2001) em publicação de sua tese de doutorado, ao citar a artista como integrante da chamada “Geração Noventa”. Ao observar características presentes na recente produção contemporânea, destaca tópicos extremamente relevantes para a compreensão e o estudo da obra de Rosana enquanto manifestação de grupos sociais como o afrobrasileiro. Esses tópicos são descritos como: Noções de herança e referência; A memória física e psíquica: resistência contra a apatia e a “amnésia” gerada pela mídia; O corpo: de simulacros, em sua identidade e sexualidade; Arte política, questões individuais e ambiente urbano: estranhamento diante de si, a violência e a vida nas cidades (processo de individualização); Sensibilidade feminina: dimensão intimista, domesticada.[6] | ” |
Suas obras apresentam a mescla de algumas técnicas artísticas, se apresentando como esculturas-objeto, escultura-gravura, fotografia-pintura e instalações[5].
Em 2018, após 25 anos de carreira, foi a primeira artista negra brasileira a ganhar uma exposição individual na Pinacoteca do Estado de São Paulo.[7] Onde apresentou a exposição itinerante "A Costura da Memória", que também passou pelo Museu de Arte do Rio (MAR). A exposição trata das questões decoloniais e de gênero no Brasil.[8]
Os trabalhos de Rosana Paulino apresentam diversos formatos em obras com a temática da questão racial, em especial a da mulher. Ao falar sobre o preconceito racial no Brasil e reparação histórica da população negra, de acordo com a entrevista, a artista informa que está mais próxima ao pensamento "afropessimismo" em que não há possibilidade de reparação histórica. O que é possível é trazer novos olhares para o futuro, pois esse ainda pode ser alterado.[9].
“ | A sociedade, em qualquer parte do mundo, valoriza menos as vidas negras. É como se ela tivesse até hoje uma sub-humanidade. Se você vê uma criança negra morrendo, isso choca menos que uma criança branca. Mas a gente pode tentar mudar o futuro”, afirma Maíra. É nesse sentido que a pesquisadora vê uma dimensão ética na obra de Rosana Paulino. A poética da artista é construída com base na subversão de elementos e narrativas racistas, que são reflexos da mentalidade da época, além de serem, eles próprios, instrumentos de opressão. Ao alterar essas imagens e criar novos sentidos que enfrentam o racismo, Rosana Paulino adota uma posição ética, vislumbrando um futuro em que a violência e subjugação contra o corpo negro deixem de ser uma realidade. | ” |
— Rosana Paulino[10] |
Rosana Paulino é integrante do Comitê Consultivo do Programa Cátedra Pequena África, na Casa Escrevivência, no bairro da Saúde, Rio de Janeiro. Parceria da Fundação Getulio Vargas e a Prefeitura do Rio de Janeiro.[11] O projeto tem como objetivo estimular debates interdisciplinares sobre temas sociais, culturais e acadêmicos, a serem propostos por titulares negras/negros, com reconhecida trajetória na criação de pensamento, assim como na influência em políticas e programas públicos. A gestão tríade do primeiro ano do programa é composta por: Rosana Paulino, artista plástica; Inaicyra Falcão, professora e cantora lírica; e Leda Maria Martins, poetisa.[12]
Espiritualidade
[editar | editar código-fonte]No programa Descriarte Podcast, Rosana Paulino falava da motivação que a fez criar as séries "Búfala", "Senhora das Plantas" e "As Jatobás": mostrar uma psicologia do povo negro, que segundo ela é muito invisibilizado na história da psicanálise. Nesse momento, ela fala um pouco sobre sua espiritualidade:
“ | É uma conversa com a natureza, mas é também do racismo, né? Essa série de obras surge do fato de que quando a gente vai falar da psicologia da mulher negra. A psicologia não trata da mulher negra. (...) Outro dia vi um livro Baralho das deusas, tem deusa até da polinésia, do ártico e não tem uma negra. Não tem o Oxum, não tem uma Iansã e eu psicologicamente sou muito complexa, porque eu sou filha de Ogum com Iansã. Sou filha de dois santos de guerra. Então essa força inclusive pra me impor , pra falar : 'Não, o trabalho é esse mesmo!' [13] | ” |
Exposições
[editar | editar código-fonte]- 2018/2019 - Rosana Paulinho: a costura da memória, Pinacoteca do Estado de São Paulo[14], São Paulo
- 2016 - Atlântico Vermelho, Galeria Superfície, São Paulo
- 2015/2016 - Territórios: Artistas Afrodescendentes no Acervo da Pinacoteca[15] , Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo
- 2014 - Mulheres Negras – Obscure Beuaté Du Brésil. Espace Cultural Fort Grifoon à Besançon, França
- 2013 - Assentamento [16] Museu de Arte Contemporânea de Americana, São Paulo
- 2010 - Tecido Social - Galeria Virgílio, São Paulo[17]
- 2007 - Mulheres Artistas / Olhares Contemporâneos, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, (MAC/USP), São Paulo
- 2000 - +500 Mostra do Redescobrimento - Arte Afro-Brasileira - Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo
- 1995 - Os Herdeiros da Noite: fragmentos do imaginário negro, Centro Cultural de Belo Horizonte, Minas Gerais
- 1995 - Os Herdeiros da Noite: fragmentos do imaginário negro, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo
- 1994 - Os Herdeiros da Noite: fragmentos do imaginário negro, Espaço Cultural SOS Sul, Brasília
Prêmios
[editar | editar código-fonte]- Fundação Rockefeller (2014)
- CAPES (2008-2011)
- Fundação Ford (2006-2008) [18]
Coleções
[editar | editar código-fonte]A artista possui obras no acervo de importantes museus como
- Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), São Paulo, Brasil[19]
- Museu Afro Brasil, São Paulo, Brasil[20]
- Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil(1983)
- Museu de Arte da Universidade do Novo México (UNM), Novo México, Estados Unidos
Curadoria
[editar | editar código-fonte]2017/2018 - Poéticas Negras: No Martins, Senac Lapa Scipião, São Paulo
Galeria de imagens
[editar | editar código-fonte]-
Obra "Atlântico Vermelho"
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Obra "Tecelãs"
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Obra da série "Assentamentos"
Referências
- ↑ «Perfil: Rosana Paulino». Espaço f/508. Consultado em 27 de junho de 2017
- ↑ Jonas Pimentel (13 de abril de 2016). «Rosana Paulino: a mulher negra na arte». Geledés. Consultado em 27 de junho de 2017
- ↑ Ferreira, Lucinea dos Santos (30 de junho de 2022). «Entre o Kalunga grande e o Kalunga pequeno: territórios invisíveis, imagens arquetípicas e artes da escuridão». Campos - Revista de Antropologia. 23 (1): 47–77. ISSN 2317-6830. doi:10.5380/cra.v23i1.82212. Consultado em 7 de agosto de 2022
- ↑ «Rosana Paulino». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 27 de junho de 2017
- ↑ a b «As tramas de Rosana Paulino». Afreaka. 8 de abril de 2015. Consultado em 8 de março de 2019
- ↑ A Identidade da Mulher Negra na Obra de Rosana Paulino: Considerações sobre o Retrato e a Formação da Arte Brasileirai.
- ↑ «How Rosana Paulino became the first woman of color with a retrospective at the Pinacoteca | Newcity Brazil». www.newcitybrazil.com (em inglês). 15 de janeiro de 2019. Consultado em 19 de julho de 2020
- ↑ «Black Brazilian Women Artists on Anti-Racist Uprisings | Newcity Brazil». www.newcitybrazil.com (em inglês). 6 de julho de 2020. Consultado em 19 de julho de 2020
- ↑ disse, Redação (22 de junho de 2021). «"Afropessimismo", de Frank B. Wilderson III, e outras sugestões de leitura». Revista Cult. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ DarkSide (30 de novembro de 2022). Jornal da USP https://jornal.usp.br/diversidade/subvertendo-imagens-racistas-a-costura-da-memoria-de-rosana-paulino/. Consultado em 7 de novembro de 2024 Em falta ou vazio
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(ajuda) - ↑ «FGV lança Cátedra Pequena África com apoio da Prefeitura do Rio | Portal FGV». portal.fgv.br. 20 de março de 2024. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ «FGV lança Cátedra Pequena África com apoio da Prefeitura do Rio | Portal FGV». portal.fgv.br. 20 de março de 2024. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ DESCRIARTE PODCAST: Rosana Paulino e as suturas do Brasil (3T-EP3).
- ↑ «Pinacoteca – Rosana Paulino: a costura da memória». pinacoteca.org.br. Consultado em 25 de janeiro de 2019
- ↑ Interativa, Hous Mídia. «Pinacoteca – Territórios: Artistas Afrodescendentes no Acervo da Pinacoteca». pinacoteca.org.br. Consultado em 17 de março de 2018
- ↑ «ROSANA PAULINO ASSENTAMENTO : O Menelick 2º Ato». omenelick2ato.com (em inglês). Consultado em 17 de março de 2018
- ↑ «Mostras individuais de Monica Rubinho e Rosana Paulino na Galeria Virgilio, SP – arts & culture | vitruvius». www.vitruvius.com.br (em inglês). Consultado em 17 de março de 2018
- ↑ «Rosana Paulino Artist Talk - Department of Art and Art History - The University of Texas at Austin». Department of Art and Art History - University of Texas at Austin (em inglês). Consultado em 19 de julho de 2020
- ↑ «Sem título, PAULINO, ROSANA (1997.076-000)». MAM
- ↑ http://www.ef5.com.br, F5 - Web Design e Tecnologia Atualizada -. «MuseuAfroBrasil - Exposições de Longa duração». www.museuafrobrasil.org.br. Consultado em 17 de março de 2018
{{Rosana Paulino e as suturas do Brasil (3T-EP3) [Loucação de]: Ariel Machado. Novembro de 2022. DESCRIARTE PODCAST. Disponível em: https://anchor.fm/descriarte-podcast/episodes/Rosana-Paulino-e-as-suturas-do-Brasil-3T-EP3-e1r1lel . Acesso em: 26 nov 2022