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Parnos

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Os parnos (em latim: Parni; em grego clássico: Πάρνοι; romaniz.: párnos) ou aparnos (em latim: aparni; em grego clássico: Ἄπαρνοι; romaniz.: Aparnoi) eram um grupo étnico iraniano oriental que habitavam o vale do Oco[1][2] (em grego: Ὧχος, Ochos) (atual Tejen), a sudeste do Mar Cáspio. Os parnos eram uma das três tribos da confederação dos Daas (Dahae).

Em meados do século III a.C., os parnos invadiram a Pártia, expulsaram os sátrapas gregos, que haviam acabado de conquistar a independência, e fundaram uma nova dinastia,[3] conhecida posteriormente como a dinastia arsácida.

Identificação

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Não existem evidências claras dos parnos em fontes iranianas nativas, e todas as referências a estes povos vêm de relatos gregos e latinos. Nestes relatos, que não são necessariamente contemporâneos, é difícil identificar de maneira clara referências aos parnos, devido à inconsistência da nomenclatura e transliteração greco-latina, ou da semelhança com nomes de outras tribos, como os esparnos (Sparni) ou apartanos (Apartani) e os eparnos (Eparnoi) ou aspários (Asparioi). Os parnos podem também ser aparentados com uma ou mais destas tribos, e sua terra de origem poderia ter sido o sul da atual Rússia, de onde emigraram com outras tribos citas.[1] A localização atual dos parnos daas é feita a partir da identificação dos parnos / daas (dahae) feita por Estrabão (Geografia 11, século I a.C.) na região do Mar Cáspio; corresponde ao 'Sacastão' histórico, que recebeu seu nome pelos sacas/citas.

Enquanto daas foi preservado no topônimo Daestão (Dahestan) / Diistão (Dihistan), um distrito na costa leste do Mar Cáspio; centros urbanos dos antigos daas, se eles o tinham, não são conhecidos.[4]

A língua[c] dos parnos não é atestada diretamente, porém assume-se que seja um dos substratos orientais da língua parta, registrada posteriormente, e que os parnos eventualmente adotaram. Para estes parnos recém-chegados pode-se atribuir uma forma de falar que mostra um forte elemento iraniano oriental, resultante de sua proximidade, nas estepes, com os sacas iranianos orientais.[4] Através da influência dos partas na Armênia, traços do idioma parno sobrevivem, na forma de empréstimos, no armênio.[1]

A língua dos parnos foi descrita pelo historiador romano Justino como "um intermediário entre o cita e o meda, [e] que contém características de ambos."[5] (41.1.10). Sua opinião, expressa somente no século III d.C., é considerada como "indubitavelmente um pouco exagerada",[4] e tem uma veracidade questionável devido à ambiguidade dos nomes.[1]

Em 247 a.C., Andrágoras, o governador (sátrapa) selêucida da Pártia (aproximadamente correspondente ao oeste do Coração[6]) proclamou independência dos selêucidas, quando - após a morte de Antíoco II - Ptolemeu III assumiu o controle da capital selêucida em Antioquia, "deixando o futuro da dinastia selêucida, por um breve momento, em perigo."[7]

Neste meio tempo, um homem chamado Ársaces, de origem cita ou bactriana,[a] foi eleito líder das tribos parnas.[2] Após a secessão da Pártia do Império Selêucida, e a perda resultante do apoio militar selêucida, Andrágoras teve dificuldade em manter suas fronteiras, e por volta de 238 a.C. - sob o comando de Ársaces e seu irmão Tiridates,[2][8] - os parnos invadiram[9] a Pártia e tomaram controle de Astabene (Astawa), a região norte daquele território, cuja capital administrativa era Kabuchan (Kuchan).

Pouco tempo depois os parnos tomaram controle do resto da Pártia das mãos de Andrágoras, matando-o durante o processo. Embora uma expedição punitiva inicial, empreendida pelos selêucidas sob a liderança de Seleuco II, não tenha sido bem-sucedida, sob o comando de Antíoco III os selêucidas reconquistaram território controlado pelos arsácidas, em 209 a.C., de Ársaces ou do sucessor de Tiridates,[b]) Ársaces II. Ársaces II procurou então estabelecer um acordo de paz, e aceitou o status de vassalo;[8] somente durante o reinado do neto (ou bisneto) de Ársaces II, Fraates I, os arsácidas/parnas começariam novamente a reivindicar sua independência.[10]

Para os historiógrafos sobre cuja documentação a reconstrução da história inicial dos arsácidas depende, os parnos já tinham então se tornado indistinguíveis dos partas.

A conquista de Astabene em 238 a.C. marca nominalmente o início da era arsácida, termo que vem de Ársaces, nome adotado por todos os reis partas.[5] "Ársaces" é uma variante do (também grego) "Artaxerxes," e os dinastas arsácidas alegavam descender de Artaxerxes II. A partir de Astabene e da Pártia (que seria posteriormente ampliada para o sul, incluindo boa parte do atual Sistão), os arsácidas subjugaram gradualmente muitos dos reinos vizinhos, a maior parte dos quais foi controlada a partir de então tornando-se vassalos. A partir da revolta bem-sucedida, em 224 d.C., de um antigo vassalo de Estacar chamado Artaxer I (em grego, novamente, Ársaces/Artaxerxes[11]), a hegemonia arsácida/parta começou a dar lugar a uma hegemonia sassânida/persa.

O nome "Parni" reaparece nos documentos do período sassânida identificando uma das sete famílias feudais partas aliadas com a corte sassânida. A família, no entanto, não é atestada em fontes do período arsácida, e a pretensão ao nome dos "parnos" provavelmente não está (bem como quatro das seis outras famílias) de acordo com a realidade. É possível que seus membros tenham forjado suas próprias genealogias visando enfatizar a antiguidade de suas famílias.[12]

Sugeriu-se[13] que os Montes Parnau (Paran Koh) teriam relação com o nome dos parnos.

  • a^ Ársaces talvez tenha sido, originalmente, um governante local na Báctria.[10]
  • b^ As origens da linhagem arsácidas são baseadas em lendas e no que os gregos e romanos posteriores registraram. Enquanto o conto dos dois irmãos pode ser fictício (Wolski, 1937/1938), no geral assume-se que eles foram personagens históricos, e que Tiridates (I) sucedeu a seu irmão, Ársaces (I), porém assumiu o nome de Ársaces após sua coroação. A relação entre Tiridates I (isto é, Ársaces II) e seu filho e sucessor, Ársaces II (isto é, Artabano I) acrescenta ainda mais dúvidas à situação. Ver também a rejeição feita por Bivar[10] às genealogias propostas por Frye e Chaumont & Bickermann.
  • c^ Na linguística e filologia a expressão 'parno' é por vezes utilizada como um termo de conveniência para designar coletivamente as influências iranianas orientais na língua (iraniana ocidental) parta. Como o idioma dos partos não foi atestado, não é possível determinar se existe uma correlação específica entre a sua língua e o elemento iraniano oriental no parta.

Referências

  1. a b c d Lecoq 1987, p. 151.
  2. a b c Curtis 2007, p. 7.
  3. de Blois & van der Spek 1997, p. 145.
  4. a b c Bivar 1983, p. 27.
  5. a b Curtis 2007, p. 8.
  6. Bickerman 1983, p. 6.
  7. Bivar 2003, para. 6.
  8. a b Bivar 1983, p. 29.
  9. Bickerman 1983, p. 19.
  10. a b c Bivar 1983, p. 31.
  11. Bivar 1983, p. 96.
  12. Lukonin 1983, p. 704.
  13. Rawlinson 1879, p. 169.
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Parni», especificamente desta versão.
  • Bickerman, Elias J. (1983). «The Seleucid Period». In: Yarshater, Ehsan. Cambridge History of Iran. 3.1. Londres: Cambridge UP. pp. 3–20 
  • Bivar, A.D.H. (1983). «The Political History of Iran under the Arsacids». In: Yarshater, Ehsan. Cambridge History of Iran. 3.1. Londres: Cambridge UP. pp. 21–99 
  • Bivar, A.D.H. (2003). «Gorgan v.: Pre-Islamic History». Encyclopaedia Iranica. 11. Nova Iorque: iranica.com. Consultado em 22 de outubro de 2011. Arquivado do original em 26 de abril de 2009 
  • Curtis, Vesta Sarkhosh e Stewart, Sarah, ed. (2007). The Age of the Parthians - Ideas of Iran, vol. 2. Londres: I. B. Tauris 
  • de Blois, Lukas e van der Spek, Robartus J. (1997). An Introduction to the Ancient World. Nova Iorque: Routledge. ISBN 0-415-12774-2 .
  • Lecoq, Pierre (1987). «Aparna». Encyclopaedia Iranica. 2. Nova Iorque: Routledge & Kegan Paul 
  • Lendering, Jona (2006). The Parni. Amsterdã: livius.org 
  • Lukonin, Vladimir G. (1983). «Political, Social and Administrative Institutions». In: Yarshater, Ehsan. Cambridge History of Iran. 3.2. Londres: Cambridge UP. pp. 681–747 
  • Rawlinson, Henry C. (1879). «The Road to Merv». Proceedings of the Royal Geographical Society and Monthly Record of Geography. New Monthly Series. 1 (3): 161–191. doi:10.2307/1800653 
  • Yarshater, Ehsan (2006). «Iran ii. Iranian History: An Overview». Encyclopaedia Iranica. 13. Nova Iorque: iranica.com. Consultado em 22 de outubro de 2011. Arquivado do original em 12 de junho de 2008