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O dialeto caipira

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Obra publicada em 1920 por Amadeu Amaral, filólogo brasileiro sempre lembrado por seu autodidatismo. Nesta obra, Amaral arrola após impressionante trabalho de pesquisa no interior de São Paulo (Região do vale do rio Paraíba), extensa lista de "vocábulos em uso entre os roceiros, ou caipiras, cuja linguagem, a vários respeitos, difere bastante da da gente das cidades, mesmo inculta"[1]. O trabalho de Amaral não foi o primeiro neste sentido, mas indiscutivelmente foi pioneiro no conjunto de pesquisa e publicação final, processo detalhado por Paulo Duarte no Prefácio que escreveu para a edição de 1976 publicada pela HUCITEC-SCET-CEC:

"É de espantar que, com tanta falta de fontes de referência, tenha organizado um vocabulário cuidadoso, sozinho, contando apenas com o auxilio precário de meia dúzia de colaboradores, aos quais instruira por cartas e com uma bibliografia paupérrima, no que se refere a pesquisas linguísticas e folclóricas no Brasil."[2]

Além de farto conjunto de vocábulos, O dialeto inicia com um estudo em Fonética, seguido por outro em Lexicologia, outro em Morfologia, Sintaxe para só então entrar na listagem dos vocábulos em ordem alfabética.

O trabalho de folcloristas e filólogos como Amaral foi essencial para a estruturação linguística do trabalho que literatos como Alfredo Taunay haviam feito na Literatura, como quando este escreveu seu Inocência ou José de Alencar escreveu O sertanejo, obras eivadas de linguajar local das personagens dos romances, que ao leitor das grandes cidades entregava o saudosismo de um Brasil que não conheciam pelo distanciamento, à época, entre as grandes cidades litorâneas e o interior do Brasil.

  1. Amadeu Amaral, O Dialeto Caipira, Capítulo V — Vocabulário, parágrafo 1
  2. Prefácio, p. 22, parágrafo 1