Há cinco anos, a emergência mandou todos para casa e saímos de lá mais fortes
No dia 19 de Março do ano 2000 a edição impressa do PÚBLICO titulava sob um fundo gráfico que representava o coronavírus: Portugal em estado de emergência. Nesse dia, faz hoje cinco anos, fomos todos para casa. Entrámos no isolamento forçado. Na tarde do dia anterior, o primeiro-ministro, António Costa fez saber que aprovava o decreto de estado de emergência do presidente da República que o parlamento tinha já votado favoravelmente, com a oposição do PCP, do Partido os Verdes, da Iniciativa Liberal e da deputada Joacine Katar Moreira. Nessa edição história do PÚBLICO, abundavam notícias assustadoras e expressões de incerteza e de ansiedade: estará a liberdade e a democracia em risco, será a economia capaz de evitar o colapso, o SNS terá condições para resistir à pressão, os portugueses estarão prontos para o isolamento e as privações, será o país capaz de achatar a curva do crescimento dos novos casos para evitar mais mortes? Cinco anos passaram e é caso para se dizer que se há uma medida capaz de dar conta da forma como a sociedade portuguesa resistiu ao estado de emergência e à pandemia, essa medida encontra-se na distância com que hoje vemos esses dias aflitivos. Como que uma tempestade passageira, a Covid-19 chegou, assustou, matou, mudou a nossa vida para sempre em questões cruciais como a relação com o trabalho, mas passou depressa. Portugal resistiu e regressou à normalidade com mais nervo económico, com mais trunfos para progredir – apesar das crises políticas que ameaçam estragar o que os portugueses conseguiram colectivamente. Mas, será que como sociedade fizemos tudo bem feito – no isolamento, na distância social ou na vacinação? Se hoje houver uma nova pandemia, estaremos mais capazes de lhe resistir. Tanto como recordar esse dia duro de Março de 2020, vale a pena pensar o que aprendemos, o que ganhámos e o que perdemos na experiência. É à procura de respostas a estas e outras perguntas que o P24 de hoje convidou para a conversa Maria José Núncio, professora auxiliar do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Maria José Núncio é socióloga, estuda a família ou a adolescência e, durante a pandemia, preocupou-se em acompanhar a reacção das pessoas ao confinamento.See omnystudio.com/listener for privacy information.