Peri Constant Bevilacqua
Pery Constant Bevilacqua | |
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Dados pessoais | |
Nascimento | 9 de junho de 1899 Rio de Janeiro |
Morte | 27 de abril de 1990 (90 anos) Rio de Janeiro |
Vida militar | |
País | Brasil |
Força | exército |
Hierarquia | General de exército |
Comandos |
Pery Constant Bevilaqua (Rio de Janeiro, 9 de junho de 1899 – Rio de Janeiro, 27 de abril de 1990) foi um militar e político brasileiro. Teve importante papel na chamada Campanha da Legalidade, cujo objetivo era garantir a posse do vice-presidente da República João Goulart, após a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961. Foi Ministro do Superior Tribunal Militar, posteriormente aposentado com base no AI-5.
Vida militar
[editar | editar código-fonte]Filho de José Bevilaqua e de Alcida Constant Bevilaqua, foi casado com Nhayda de Escobar Bevilaqua, com quem teve cinco filhos.
Graduado pela Escola Militar do Realengo em 1919, cursou sucessivamente a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (1925) e a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (1926-1929).
Foi oficial-de-gabinete da Junta Governativa Provisória, que dirigiu o país entre a deposição do presidente Washington Luís e a assunção de Getúlio Vargas ao poder após a vitória da Revolução de 1930.[1] Após a decretação do Estado Novo foi oficial-de-gabinete do Ministro da Guerra Eurico Gaspar Dutra (1938-1940) e defendeu o litoral brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial.
Comandante do Grupamento de Oeste da Artilharia de Costa da 1ª Região Militar no Rio de Janeiro (1948-1952) cursou a Escola Superior de Guerra em 1956. Entre março e outubro de 1961, comandou a 3ª Divisão de Infantaria, em Santa Maria.[2]
Nacionalista e legalista, no comando da 3ª Divisão de Exército, foi o primeiro oficial general a defender o cumprimento da Constituição, durante a crise que se seguiu à renúncia do presidente Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961, contrariando a posição dos ministros militares, que se opunham à posse do vice-presidente João Goulart. A crise foi superada com a aprovação pelo Congresso, em 2 de setembro, de uma emenda constitucional que instituiu o parlamentarismo, garantindo a posse de Goulart.[3][4]
Derrotado na eleição para a presidência do Clube Militar em 1962, foi nomeado comandante do II Exército, função que exerceu entre 11 de setembro de 1962 e 7 de dezembro de 1963.[5] Entretanto, já em dezembro de 1963, depois de criticar a atuação da Confederação Geral dos Trabalhadores e a politização dos quartéis, foi afastado do cargo e nomeado chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), perdendo o comando de tropas.[3]
No dia 31 de março de 1964, o general alertou o presidente João Goulart para a necessidade de que este assumisse imediatamente uma posição favorável às forças armadas ou a favor dos sindicatos. Nesse mesmo dia, o governo foi derrubado. Peri Bevilacqua manteve, entretanto, sua função de comando do Estado-Maior das Forças Armadas, durante o governo Castelo Branco. Chefiou o EMFA, de 10 de dezembro de 1963 até 15 de fevereiro de 1965.
Em 1965, foi designado ministro do Superior Tribunal Militar, permanecendo no cargo de 15 de fevereiro de 1965 a 10 de junho de 1969.[6] Durante este período sempre se manifestou contra os inquéritos policial-militares e contra o julgamento de civis por autoridades militares. Teve diversas discussões com seu colega de tribunal Ernesto Geisel que era generoso com militares e severo com a oposição. Bevilacqua foi cassado em janeiro de 1969 com base no Ato Institucional Número Cinco[7], pouco meses antes de quando se aposentaria com 70 anos de idade.[7][3]
Atividades políticas
[editar | editar código-fonte]A ditadura esperava ter se livrado do general, mas foi ele que se livrou dela.[7] Em maio de 1977 filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro, partido de oposição ao governo militar, e, a partir de fevereiro de 1978, apoiou decididamente o Comitê Brasileiro pela Anistia, percorrendo várias cidades brasileiras para defender a anistia "ampla, geral e irrestrita" [8] e "recíproca", isto é, para "todos os crimes políticos, praticados por pessoas de ambos os lados", reconhecendo assim a prática de tortura no Brasil.[9] Graças a ele o Exército Brasileiro pode dizer que um de seus generais teve a coragem em falar de anistia quando a palavra parecia um estigma.[7]
A lei da anistia foi assinada em 28 de agosto de 1979, pelo presidente da república João Batista Figueiredo. Em novembro de 1980, o general Pery Bevilaqua passou a receber uma pensão, como ministro aposentado do STM.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Biografia no sítio da Fundação Getúlio Vargas Acesso em 12 de fevereiro de 2010.
Referências
- ↑ Entre 24 de outubro e 3 de novembro do referido ano.
- ↑ «Galeria de Comandantes da 3ª DE». Consultado em 17 de dezembro de 2014. Arquivado do original em 23 de agosto de 2014
- ↑ a b c CPDOC - FGV. Biografia.
- ↑ Tido como “comunista” o novo presidente só assumiu duas semanas após a renúncia de Jânio Quadros quando foi adotada a solução parlamentarista. Nela João Goulart dividiu o poder com três primeiros-ministros, a começar por Tancredo Neves.
- ↑ «Galeria dos antigos Comandantes do CMSE». Consultado em 13 de abril de 2021
- ↑ «Ministros do STM desde 1808; Ministro 230» (PDF). Consultado em 13 de abril de 2021
- ↑ a b c d Gaspari, Elio (2014). A Ditadura Derrotada 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca. 544 páginas. ISBN 978-85-8057-432-6
- ↑ Hoje na História: "1979 - Lei da Anistia é regulamentada por Figueiredo". Jornal do Brasil. Disponível em http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=10449 Arquivado em 21 de setembro de 2015, no Wayback Machine.
- ↑ GRECO, H.A. Dimensões fundacionais da luta pela anistia. UFMG, 2003. Cap.4 - "A Anistia na ordem do dia".
Precedido por Nelson de Mello |
16º Comandante do II Exército 1962 - 1963 |
Sucedido por Amaury Kruel |
Precedido por Osvaldo de Araújo Mota |
12º Ministro-Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas 1963 - 1965 |
Sucedido por Luiz Teixeira Martini |