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Milton Caniff

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Milron Caniff
Milton Caniff
Milton Caniff em 1982
Nome completo Milton Arthur Paul Caniff
Nascimento 28 de fevereiro de 1907
Hillsboro, Ohio, Estados Unidos
Morte 3 de abril de 1988 (81 anos)
Nova Iorque
Nacionalidade Americana
Ocupação Cartunista
Magnum opus Dickie Dare, Terry e os Piratas, Steve Canyon
Assinatura

Milton Arthur Paul Caniff ou simplesmente Milton Caniff (Hillsboro, 28 de fevereiro de 1907 - Nova Iorque, 3 de abril de 1988) foi um cartunista estadunidense, famoso por criar as tiras de quadrinhos Terry e os piratas e Steve Canyon.

Início de carreira

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Local de nascimento de Milton Caniff localizada em Hillsboro, Ohio.

Milton Caniff nasceu em Hillsboro, Ohio e foi escoteiro quando criança. Ele recebeu um prêmio da Boy Scouts of America. Caniff tinha produzido alguns cartuns para os jornais locais quando era adolescente, enquanto estudava na Escola de Artes Stivers. Matriculando-se na Universidade do Estado de Ohio, ele graduou-se em 1930, ao mesmo tempo que iniciava carreira no jornalismo, no jornal "Columbus Dispatch". Ele trabalhou com o cartunista William "Billy" Ireland até que perdeu o cargo por força da Grande Depressão. Caniff pensou em desistir da carreira, mas foi incentivado por Billy a continuar.[1]

Enquanto na Universidade, Cardiff fez ilustrações para a revista da fraternidade da qual fazia parte (The Magazine of Sigma Chi) .

Terry e Pat Ryan de Terry e os Piratas

Em 1932, Caniff mudou-se para Nova Iorque aceitando trabalhos diversos para a Associated Press. Ele desenhou as tiras Dickie Dare e The Gay Thirties,[2] e Mister Gilfeather em setembro de 1932, quando o autor da tira Al Capp deixou o departamento. Caniff continuou a desenhar Gilfeather até a primavera de 1933, quando ele a abandonou para desenhar o cartum chamado The Gay Thirties, que assumiu até deixar a agência em 1934. Em julho de 1933, Caniff começou as tiras de aventura e fantasia chamada Dickie Dare. O personagem central e que dava o nome da tira era um jovem que sonhava entrar em aventuras clássicas da literatura infantil e encontrar-se com Robin Hood, Robinson Crusoé e o Rei Artur. Na primavera de 1934, Caniff mudou a tira de fantasia para "realismo" quando Dickie não mais sonhava e passou a viajar pelo mundo como um escritor freelance com seu mentor adulto, "Dynamite Dan" Flynn.

Em 1934, Caniff foi para o New York Daily News para produzir uma nova tira para o syndicate Chicago Tribune/Daily News. O editor do Daily News Joseph M. Patterson queria uma tira de aventura no misterioso Oriente, o último reduto da aventura, segundo ele..[3] Caniff não sabia quase nada sobre a China, pesquisou a história do país e os costumes e tradições de família, que passavam de geração a geração. Assim criou a tira Terry e os piratas, que o tornaria internacionalmente famoso. Similar a Dickie Dare, Terry Lee começou na tira como um menino que viajava pela China acompanhado por um mentor adulto, o aventureiro Pat Ryan. Com o passar dos anos Terry cresceu e foi lutar na II Guerra Mundial, servindo na Força Aérea. Durante 20 anos Caniff produziu a tira, criando uma galeria de personagens fascinantes, muitos deles piratas.

Na primeiras tiras apareceu o intérprete e servo de Terry e Pat chamado "Connie". Mais tarde eles se juntaram ao gigante mudo chinês chamado Big Stoop. Outros personagens (nomes em inglês): Burma, uma loira misteriosa, possivelmente criminosa; Chopstick Joe; Singh Singh, um senhor da guerra das montanhas da China; Judas, um ladrão; Sanjak e Hotshot Charlie, o companheiro de Terry durante os anos de guerra. Havia também April Kane, o primeiro amor de Terry.

Mas talvez a mais memorável criação de Caniff foi a Dragon Lady, uma rainha pirata e provável interesse romântico de Pat Ryan.

O coronel Clinton D. "Casey" Vincent se reúne com o cartunista Milton Caniff em 1943.

Durante a guerra, Caniff começou uma segunda tira, uma versão especial de Terry e os piratas sem Terry mas com a loura Burma como protagonista. Caniff doou esse trabalho para as forças armadas — que apareceu somente nos jornais militares. Após reclamações do Miami Herald a tira começou a circular com o nome de Male Call e ganhou uma nova estrela, Senhora Lace, uma mulher bonita que morou nas proximidades de uma base militar e se alistou. A tira foi notável ao mostrar Lace namorando um soldado que perdera um braço ou acompanhando um ex-militar cego, por exemplo. Caniff continuou com a série até março de 1946.

Em 1946, Caniff encerrou sua participação em Terry e os piratas. Se a tira era seu maior sucesso, ele contudo não possuía os direitos de autor, que eram do syndicate, o Chicago Tribune-New York Daily News, conforme o costume da época. Frustrado, Caniff recebeu a oferta de produzir uma tira própria, que seria publicada por Marshall Field, editor do Chicago Sun. O cartunista então deixou Terry para produzir a tira para a Field Enterprises. Caniff produziu sua última tira de Terry e os piratas em dezembro de 1946 e apresentou sua nova tira Steve Canyon no Chicago Sun-Times no mês seguinte. Nessa época, Caniff era um dos poucos artistas de syndicates que eram donos de criações próprias.

Como era previsível, Steve Canyon era uma tira de ação e que tinha como protagonista um piloto. Canyon foi apresentado originariamente como um piloto civil que era dono do seu próprio aeroplano e que transportava cargas. Com o tempo ele se realistou na Força Aérea, durante a Guerra da Coreia e continuou como militar durante toda a história restante da tira.

Contudo Steve Canyon nunca alcançou a popularidade de Terry e os piratas. Uma série de TV de Steve Canyon foi produzida em 1958 e aumentou a fama da tira. Mas a ênfase militar causou reações negativas. Com a "Guerra do Vietnã" e o desinteresse crescente dos leitores pelas coisas militares, a tira começou a diminuir a circulação. Mesmo assim Caniff continuou com a tira até 1988. Meses depois ele faleceria, em junho de 1988. Seus herdeiros decidiram que ninguém mais continuaria com o trabalho.

A personagem da Madame Lynx foi baseada na Madame Egelichi, uma femme fatale espiã interpretada por Ilona Massey em filme de 1949 chamado Love Happy.[4]

Pipper, o gaiteiro, foi introduzido influenciado por John Kennedy; e Senhora Mizzou por Marilyn Monroe![4]

Caniff morreu na cidade de Nova Iorque.

Reconhecimento e prêmios

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Caniff foi um dos fundadores da Sociedade dos Cartunistas da América (National Cartoonists Society) e foi presidente por duas vezes, 1948 e 1949. Ele também recebeu o primeiro prêmio ofertado pela Sociedade em 1947, oficialmente indicado pela sua nova tira Steve Canyon. Caniff recebeu o troféu Reuben como cartunista do ano, em 1972 por 1971, novamente por Steve Canyon. Ele foi indicado ao Prêmio Will Eisner em 1988. Ele ganhou o prêmio da National Cartoonists Society Elzie Segar em 1971, o prêmio da Story Comic Strip em 1979 por Steve Canyon, A Chave de Ouro (Society's Hall of Fame) em 1981.

Assim como Hal Foster e Alex Raymond, o "estilo" de Caniff exerceu uma forte influência nos quadrinistas americanos do século XX. Isso pode ser constatado nos trabalhos de artistas de renome como Jack Kirby, Frank Robbins, Lee Elias, Bob Kane, Mike Sekowsky, Dick Dillin, John Romita, Sr., Johnny Craig e William Overgard, além de outros . O belga Victor Hubinon e o italiano Hugo Pratt aparecem dentre os europeus. No Brasil, seu estilo influenciou Flavio Colin, sobretudo na revista As Aventuras do Anjo.[5]

Referências

  1. Current Biography 1944, pp83-85
  2. Current Biography 1944, p83
  3. Current Biography 1944, p84
  4. a b Pageant May 1953, V8 n11
  5. Flavio Colin: Uma lenda viva dos quadrinhos; e brasileiro, com orgulho!

Ligações externas

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O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Milton Caniff