Francisco António Martins Bastos
Francisco António Martins Bastos | |
---|---|
Nascimento | 1799 |
Cidadania | Portugal |
Ocupação | poeta |
Francisco António Martins Bastos CvC (Lisboa (São Julião), 1799 — 1868) foi um poeta e latinista português, autor de uma vultuosa obra sobre a poesia latina e escritor de nomeada.[1][2] Foi mestre de Latinidade da D. Maria II, professor de Latin dos Senhores Infantes e fundador do Colegio da nobreza de Nossa Senhora da Conceição.
Foi contratado em agosto de 1847 como professor de Latim de D. Pedro e de D. Luís, que se iniciavam então no estudo da língua. Recebeu da rainha a ordem de não ter com eles “consideração alguma particular” e de lhes dar aulas sentado.
Deslocava-se ao Paço das Necessidades três vezes por semana. Nesse mês a família real estava em Lisboa, mas usualmente mudava-se para Sintra (Paço da Vila) entre julho e setembro, com uns dias em Mafra. Nessa altura, os mestres iam também dar as aulas, tanto a Sintra como a Mafra, mas só uma vez por semana. Martins Bastos afirma que foi ele que iniciou os exames dos infantes perante os pais e pessoas da corte, em abril de 1848. Depois tornaram-se regulares a todas as disciplinas e realizavam-se em dezembro.
Ele era muito querido pelos príncipes e uma vez quando ele estava um pouco atrasado 'o Senhor Infante D. Luiz correrão para mim, e com muito, e o mais vivo interesse, nascido de hum verdadeiro amor, e sincero, qual naquella idade se não sabe, nem pode fingir, assim me perguntarão no maior sobresalto: «Que he isto? «Teve algum encommodo de saude? Nós temos tido muito «cuidado, temendo lhe acontecessé algua cousa desagrada<vel; e tanto foi o nosso cuidado, que pedimos á Rainha, «Nossa Mãy, que mandasse a sua caza saber, se havia alguma «novidade; Ella, sem demora, expedio logo o Moço de Or«dens, que ainda não voltou, mas que pouco pode tardar.» Contei então o que havia feito, e agradecendo a Sua Magestade, A Rainha, e aos meus Augustos Discipulos ó extremo e tanto disvello, tive a honra de lhes beijar as Reaes Mãos, e depois entramos á lição, na forma costumada. No fim me disse Sua Magestade, e o Senhor Infante, que se houvesse occasião, em que eu, por falta de saude, não podesse dar lição, fizesse avizo, para não causar o cuidado, que tinha causado, porquanto muito grande era o amor, que me tinhão, e grande seria o desgosto, se me acontecesse algum mal: dignarão-se os Mesmos Augustos Senhores juntar a estas palavras outras muitas do mais cordial affecto, e que bem denotavão a estima, que de mim fazião; expressões destas nunca eu ouvi, nem espero ouvir da boca de discipulo algum, dos que tenho tido, e houver de ter, nem tanto cuidado da parte de seus Pais, que mandem hum creado saber como eu passo, ainda que eu esteja á hora da morte.'[3]
Foi agradecido com a Ordem de Cristo 'hum Sabbado, 11 de Janeiro, depois da lição, se chegou a mim Sua Magestade, e Alteza, e sem me dizer nada, me pregou no peito da cazaca huma excellente Cruz da Ordem de Nosso Senhor JESUS CHRISTO, Segurando o Senhor Infante a fita, em quanto Sua Magestade concertava a insignia no seu logar. Fiquei fora de mim, vendo-me assim honrado, e enobrecido por Mão de Sua Magestade, porque ainda que huma tal condecoração he muito honroza, e de grande estima, para quem a sabe avaliar, e quanto era em outros tempos difficil de alcançar, como se pode vêr pela Historia, e quantos erão os privilegios da Nobreza politica, que com ella vinhão ao agraciado, com tudo, era caso muito raro, quando o Soberano, ou Principe, ou Infante a collocava ao peito de alguem, Mercê de que eu me não achava digno, nem ao menos pela lembrança me passava, que viria a obter, e tanto mais, que esta foi a primeira Mercê desta natureza, que Sua Magestade fez, porque ao Mestre de Inglez agraciou o Mesmo Senhor no mesmo dia, e pelo mesmo modo, mas depois de mim.'
Nunca se casou nem teve filhos e passou o título de diretor da escola para o marido da sobrinha.
Obras de Francisco António Martins Bastos[4]
[editar | editar código-fonte]- Éclogas, de Vergílio
- Explicação da Grammatica Latina e das Odes de Horácio
- Erythreida.
- Historia da Origem, Progresso e Decadência da Litteratura Latina
- Historia das Freguezias de Lisboa
- Novo Methodo da Grammatica Portugueza Adequado á Comprehensão dos Meninos Combinando as Regras da Arte Latina com as da Nossa
- Tobias, Poema Original de Mr. Le Clerc. Tradução de Francisco Antonio Martins Bastos.
- 1831 A Pesca: Poema
- 1833a As Estações do Ano.
- 1833b Satyras de Aula Persio Flacco.
- 1834a Epicedio á Sentida Morte de S.M. I. o Duque de Bragança.
- 1834b Á Feliz Exaltação de S.M.F. A Senhora D. Maria II ao Throno da Monarchia Portugueza.
- 1835 Elogio á Morte de S.M. I. o Senhor Duque de Bragança
- 1839 Satyras de Decio Juno Juvenal.
- 1841b «Creado o homem por Deos… [prefácio]». In: Francisco de Mattos Lobo, Carta de F[r]ancisco de Mattos Lobo ao Ill.mo Sr. Prior de Marvão por Francisco de Mattos Lobo. Fielmente copiadas do Original que Existe em Poder do Editor
- 1841c «Nenhuma destas Cartas…[posfácio]». Francisco de Mattos Lobo, Carta de F[r]ancisco de Mattos Lobo ao Ill.mo Sr. Prior de Marvão por Francisco de Mattos Lobo. Fielmente copiadas do Original que Existe em Poder do Editor
- 1846 Interpretação dos Cinco Primeiros Livros da Historia Romana do Famoso Escriptor Tito Livio Patavino
- 1850 Compendio Historico da Litteratura Latina,
- 1858 Nobiliarchia Medica: Noticia dos Medicos e Cirurgiões da Real Câmara dos Physicos Mores, e Cirurgiões Mores do Reino, Armada, Exercito, e Ultramarinos, Etc. Desde os Tempos Mais Remotos da Monarchia, Oferecida a Sua Magestade Fidelissima El-Rei O Senhor D. Pedro V.
- 1863 Memorias para a Historia de El-Rey Fidelissimo o Senhor D. Pedro V e de seus Augustos Irmãos
Referências
- ↑ Martins Bastos, obra.
- ↑ BNP: Livros digitalizados de Bastos, Francisco António Martins.
- ↑ Bastos, Francisco Antonio Martins (1863). Memorias para a historia de el-rey fidelissimo o senhor dom Pedro V e de seus augustos irmãos. [S.l.]: Typographia Universal
- ↑ Pacheco, Graça. «Obras» (PDF)