Hissène Habré
Hissène Habré | |
---|---|
Habré em 1987 | |
5.º Presidente do Chade | |
Período | 7 de junho de 1982 a 1 de dezembro de 1990 |
Dados pessoais | |
Nascimento | 13 de agosto de 1942 Faya-Largeau, África Equatorial Francesa |
Morte | 24 de agosto de 2021 (79 anos) Dacar, Senegal |
Nacionalidade | chadiano |
Alma mater | École coloniale Français de Paris Universidade de Valle d'Aosta Universidade Pantheon-Assas |
Cônjuge | Fatime Raymonde |
Partido | FROLINAT (1972–1984) UNIR (1984–1990) |
Serviço militar | |
Serviço/ramo | Forças Armadas Chadianas |
Anos de serviço | 1972–1990 |
Conflitos | Conflito entre Chade e Líbia |
Hissène Habré | |
---|---|
Crime(s) | Genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra,Tortura,Estupro,uso de menores de 15 anos em combate |
Pena | Prisão perpétua |
Situação | falecido |
Hissène Habré (em árabe tchadiano: حسين حبري ; Faya-Largeau, 13 de agosto de 1942 – Senegal, 24 de agosto de 2021) foi um político chadiano, pertencente aos tubus, do clã Anakaza. Foi presidente do seu país [1] entre 1982 e 1990.
Habré chegou ao poder através de um golpe de estado, com o apoio dos governos da França e dos Estados Unidos,[2] que lhe forneceram armas, ajuda financeira e treinamento militar para suas tropas.[3]
Deposto em 1.º de dezembro de 1990, através de um golpe de estado liderado pelo general Idriss Déby, Habré refugiou-se no Senegal[4]. Condenado à revelia por um tribunal de Ndjamena, recebeu a pena de morte por crimes contra a humanidade, crimes de guerra e atos de tortura[5]. A Corte Internacional de Justiça decidiu, em 20 de julho de 2012[6] que o Senegal havia faltado com suas obrigações internacionais e ordenou às autoridades senegalesas que julgassem Habré ou o extraditassem para a Bélgica[7]. O processo foi afinal aberto em Dakar, no dia 20 de julho de 2015,[8]sendo a primeira utilização da competência universal no continente africano.[9]
Em 30 de maio de 2016, Habré foi julgado culpado por crimes contra a humanidade, tendo sido sentenciado à prisão perpétua. Pesavam sobre ele acusações de estupro, escravidão sexual e desaparecimentos forçados, além da matança de quarenta mil pessoas.[10]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Hissène Habré assumiu o poder em 1982, depois de derrubar Goukouni Oueddei, que havia vencido as eleições. É amplamente aceito que ele tenha recebido apoio da CIA, por ser considerado como um baluarte contra a Líbia de Gaddafi, que, no final de 1980, tinha enviado tropas e tanques para o Chade em apoio ao então presidente Oueddei. Enquanto a Líbia apoiava Oueddei, a França apoiava Habré com armas e tropas. Depois que os líbios se retiraram, em 1981, a pedido do próprio Oueddei, Hissène Habré deu o golpe de estado, em meio a uma guerra contra a Líbia, agora pela disputa da faixa de Aouzou, uma área rica em minerais. Com o apoio dos Estados Unidos e da Fança, as forças de Habré conseguem finalmente expulsar os líbios em 1987.[11]
Seu governo se caracterizou por uma continua violação dos direitos humanos e foi classificado pela ONG Human Rights Watch como o "Pinochet da África".[12] Durante seu governo, estima-se que quarenta mil pessoas tenham sido assassinadas por sua temível polícia política, a Direction de la documentation et de la sécurité (DDS ).[13] Após ser deposto, Habré estabeleceu-se no Senegal.[14]
Julgamento
[editar | editar código-fonte]No dia 20 de julho de 2015, Habré foi levado a julgamento em Dacar, no Senegal, por crimes contra a humanidade durante seu governo. Foi acusado também de manter escravas sexuais.«The Trial of Hissène Habré» (em inglês), Human Rights Watch. Até o final de outubro, o julgamento ainda não havia terminado, estimando-se que estaria ainda na metade. A Human Rights Watch considera o ex-presidente um ditador.[15]
No dia 27 de maio de 2016, em julgamento realizado no Senegal, Habré foi considerado culpado de crimes contra a humanidade e sentenciado à prisão perpétua.
As acusações incluíam execuções sumárias, tortura e estupro ocorridos entre 1982 e 1990, a comissão investigadora concluiu que o governo o governo de Habré foi responsável por quarenta mil assassinatos.[16]
Morte
[editar | editar código-fonte]Habré morreu em 24 de agosto de 2021, aos 79 anos de idade, no Senegal.[17]
Referências
- ↑ (em francês) Le temps presse pour juger l'ancien dictateur tchadien Hissène Habré. Rue89, 9 de março de 2008.
- ↑ «Bringing a Dictator to Justice» (em inglês), Human Rights Watch. (Cópia arquivada)
- ↑ From U.S. Ally to Convicted War Criminal: Inside Chad's Hissène Habré's Close Ties to Reagan Admin. Democracy Now!, 31 de maio de 2016.
- ↑ Hissène Habré, l’homme de l'Occident en Afrique, Slate.fr
- ↑ Procès Habré : Wade menace de remettre à l'UA l'ancien dictateur tchadien, AFP, 3 février 2009
- ↑ «CPI, 20 juillet 2012.». Consultado em 2 de junho de 2016. Arquivado do original em 31 de maio de 2016
- ↑ La CIJ presse le Sénégal de juger ou d'extrader Hissène Habré. RFI, 20 de julho de 2012.
- ↑ Vídeo: le Tchad attend l'ouverture du procès Hissène Habré. France 24, 18 de julho de 2015.
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 2 de junho de 2016. Arquivado do original em 10 de maio de 2015
- ↑ Ex-ditador do Chade é condenado à prisão perpétua. Veja, 30 de maio de 2016.
- ↑ Profile: Chad's Hissene Habre. BBC, 30 de maio de 2016.
- ↑ BBCNews: Hissene Habre de Chad
- ↑ «Morreu Hissène Habré, antigo presidente do Chade, condenado por crimes contra a humanidade». RFI. 24 de agosto de 2021. Consultado em 24 de agosto de 2021
- ↑ TEMPO, O. (24 de agosto de 2021). «Morre de Covid o ex-presidente chadiano Hissène Habré, preso no Senegal». Mundo. Consultado em 24 de agosto de 2021
- ↑ Sexual Slavery and Insults (em inglês) HRW, 20/10/2015
- ↑ Welle (www.dw.com), Deutsche. «Morreu o antigo ditador do Chade Hissène Habré | DW | 24.08.2021». DW.COM. Consultado em 24 de agosto de 2021
- ↑ Maclean, Ruth; Camara, Mady (24 de agosto de 2021). «Hissène Habré, Ex-President of Chad Jailed for War Crimes, Dies at 79». The New York Times (em inglês). Consultado em 24 de agosto de 2021