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Charles Baudelaire

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Charles Baudelaire
Charles Baudelaire
Retrato de Charles Baudelaire em 1863, por Étienne Carjat
Nome completo Charles Pierre Baudelaire
Nascimento 9 de abril de 1821
Paris, França
Morte 31 de agosto de 1867 (46 anos)
Paris, França
Nacionalidade francês
Ocupação poeta, crítico de arte, tradutor
Magnum opus As Flores do Mal
Movimento estético Simbolismo, modernismo
Assinatura

Charles Pierre Baudelaire (Paris, 9 de abril de 1821 — Paris, 31 de agosto de 1867) foi um poeta, ensaísta, tradutor e crítico de arte francês. É considerado um dos precursores do simbolismo e reconhecido internacionalmente como o fundador da tradição moderna em poesia,[1] juntamente com Walt Whitman, embora tenha se relacionado com diversas escolas artísticas. Sua obra teórica também influenciou profundamente as artes plásticas do século XIX.

Nasceu em 9 de abril de 1821 em Paris. Estudou no Colégio Real de Lyon e Lycée Louis-le-Grand (de onde foi expulso por não querer mostrar um bilhete que lhe fora passado por um colega).

Em 1840, foi enviado pelo padrasto, preocupado com sua vida desregrada, à Índia, mas nunca chegou ao destino. Para na ilha da Reunião e retorna a Paris. Atingindo a maioridade, ganha posse da herança do pai. Por dois anos, vive entre drogas e álcool na companhia de Jeanne Duval. Em 1844, sua mãe entra na justiça, acusando-o de pródigo, e então sua fortuna torna-se controlada por um notário.

Em 1857, é lançado As flores do mal, contendo 100 poemas. O autor do livro é acusado, no mesmo ano, pela justiça, de ultrajar a moral pública. Os exemplares são apreendidos, pagando, de multa, o escritor, 300 francos, e a editora, 100 francos.

Essa censura se deveu a apenas seis poemas do livro. Baudelaire aceita a sentença e escreve seis novos poemas, "mais belos que os suprimidos", segundo ele.

Mesmo depois disso, Baudelaire tenta ingressar na Academia Francesa. Há divergência, entre os estudiosos, sobre a principal razão pela qual Baudelaire tentou isso. Uns dizem que foi para se reabilitar aos olhos da mãe (que, dessa forma, lhe daria mais dinheiro), e outros dizem que ele queria se reabilitar com o público em geral, que via suas obras com maus olhos em função das duras críticas que ele recebia da burguesia.

Foi na Bélgica que Baudelaire encontrou Félicien Rops, que ilustra "As flores do mal". Durante uma visita à Igreja de St. Loup, de Namur, Baudelaire perde a consciência. Este colapso é acompanhado por alterações cerebrais, particularmente afasia. Desde março de 1866, ele sofre de hemiplegia. Ele morreu de sífilis em Paris, em 31 de agosto de 1867, sem a realização do projecto de uma edição final de "As flores do mal", como ele desejava. O escritor está enterrado no Cemitério de Montparnasse (sexta divisão), no mesmo túmulo de seu padrasto, o general Jacques Aupick, e de sua mãe. Morreu prematuramente sem sequer conhecer a fama.

Retrato de Baudelaire tirado por Nadar.

Além de ser evidentemente, um precursor de todos os grandes poetas simbolistas, Baudelaire é considerado pela maior parte dos críticos como o mais provável fundador da poesia dita moderna. Isto deve-se ao fato de que, através da percepção do real, chegava sempre a um correlato objetivo para o sentimento que desejasse expressar, tal qual T. S. Eliot define o termo, observando o uso precursor de tal conceito na poesia do francês. Veja-se o poema "Correspondances" (Correspondências), de As Flores do Mal, onde Baudelaire expõe a origem de seu "projeto simbólico". Segundo Pierre Bourdieu, na obra As Regras da Arte, Baudelaire foi um fundador das normas do emergente campo literário francês, um nomoteta. Com o livro As Flores do Mal, institui pela primeira vez o corte entre edição comercial e edição de vanguarda, contribuindo para fazer surgir um espaço de editores para seus correspondentes escritores. Lembrando que o editor de As Flores do Mal, Poulet-Malassis foi pesadamente condenado e forçado a exilar-se.

Desta forma, sua poesia tendeu para a expressão de imagens cotidianas, o "visto pelo autor", tendo, o poeta, sido quem melhor, em sua época, intuiu a mudança radical provocada pela metrópole sobre a sensibilidade.[2]

Era, como os modernistas que vieram após ele, um realista que detestava o entorpecimento da reprodução do mundo em poemas e pinturas e que tinha, ao mesmo tempo, ojeriza pela subjetividade exagerada. Respondendo à pergunta, por ele mesmo formulada, sobre o que seria uma arte pura, conclui: "É criar uma mágica sugestiva, contendo a um só tempo o objeto e o sujeito, o mundo exterior ao artista e o próprio artista." É através, naturalmente, dos sentidos, que Baudelaire apreende a realidade concreta. A mesma maneira de encarar a arte que o torna um precursor dos poetas do fim do século XIX o faz ser considerado o pai da poesia moderna.[3] No Brasil, Baudelaire tem uma importância central para poetas do século XX e XI como Ana Cristina César, Paulo Henriques Britto e Marcos Siscar.

Túmulo de Baudelaire, no Cemitério do Montparnasse
  • 1821 - (9 de abril) Nasce, em Paris, Charles Pierre Baudelaire, filho de François Baudelaire e Caroline Archimbaut-Dufays.
  • 1827 - Morre François Baudelaire.
  • 1828 - A sua mãe casa em segundas núpcias com o militar Jacques Aupick.
  • 1832 - O Coronel Jacques Aupick é transferido para Lyon, levando consigo a esposa e o filho desta, Charles Baudelaire.
  • 1833 - Baudelaire é matriculado como aluno interno no Collège Royal de Lyon.
  • 1836 - O Coronel Jacques Aupick é nomeado para o Estado Maior do Exército em Paris. Recomeça os estudos em Paris.
  • 1838 - Viagem aos Pirenéus com a mãe e o padrasto. É após esta viagem que ele escreve o poema Incompatibilité.
  • 1839 - Baudelaire conclui o curso colegial. Seu padrasto é promovido a General da Brigada.
  • 1840 - Baudelaire vive na pensão Lévêque et Bailly e faz amizade com dois jovens poetas, Gustave Le Vavasseur e Ernest Prarond.
  • 1841 - Pressionado pela família e pelo padrasto, que não admitiam sua independência e determinação, Baudelaire é obrigado a embarcar num navio em Bordeaux com destino a Calcutá. Meses depois, o General Aupick, seu padrasto, recebe uma carta do comandante do navio dando conta de que o jovem Baudelaire decidiu abandonar a viagem na Ilha de Reunião, não indo mais a Calcutá.
  • 1842 - Retorna a França. Ligação com Jeanne Duval, uma jovem mulata que ele conhece no teatro Porte Saint-Antoine. Conhece Félix Tournachon, fotógrafo conhecido como Nadar, de quem fica muito amigo. Baudelaire atinge a maioridade e recebe a herança deixada por seu pai no valor de 75 mil francos. Passa a morar na Ilha de Saint-Louis, em Paris.
  • 1843 - Estreia numa colectânea literária chamada Vers. Muda-se para o Hotel Pimodan, conhece muitas pessoas ligadas às artes, como poetas, pintores e marchands. É nesse hotel que Baudelaire reencontra o poeta Theóphile Gautier, sua futura paixão Apolonie Sabatier, e Fernand Boissard, pintor morto prematuramente. É aí que instala o famoso Clube dos Haxixins [fr], que inspirou Baudelaire a escrever a primeira parte dos Paraísos Artificiais.[4]

Principais obras

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  • Salon de 1845 (1845);
  • Salon de 1846 (1846), illustré par Raymond Pelez;
  • La Fanfarlo (1847), nouvelle;
  • Du vin et du haschisch (1851);
  • Fusées (1851), journal intime;
  • L'Art romantique (1852);
  • Morale du joujou (1853, réécrit en 1869);
  • Exposition universelle (1855);
  • Les Fleurs du mal (1857, 1861, 1868);
  • Le Poème du haschisch (1858) ;
  • Salon de 1859 (1859);
  • Les Paradis artificiels (1860);
  • La Chevelure (1861);
  • Réflexions sur quelques-uns de mes contemporains (1861);
  • Richard Wagner et Tannhäuser à Paris (1861);
  • Petits poèmes en prose ou Le Spleen de Paris (1869), poema em prosa (póstumo);
  • Le Peintre de la vie moderne (1863);
  • L'œuvre et la vie d'Eugène Delacroix (1863);
  • Mon cœur mis à nu (1864), journal intime;
  • Les Épaves (1866), compreendendo as 6 peças condenadas de Fleurs du Mal ;
  • Curiosités esthétiques (1868);
  • Lettres;
  • L'Art romantique (1869);
  • Journaux intimes (1851-1862);
  • Pauvre Belgique (inachevé),

Baudelaire também foi um dos primeiros tradutores de Edgar Allan Poe, a quem ajudou a divulgar na França. Reúne as suas traduções em diversas coletâneas, destacando-se as Histoires extraordinaires.

Referências

  1. «Carlos, Luís Adriano. Universidade do Porto. 1989» (PDF). Universidade do Porto 
  2. Coelho, Maria Paula Mendes. «Da história do símbolo ao simbolismo na história» (PDF). Atas do Colóquio - Literatura e História. Universidade Aberta. Portugal. 2002. Repositorioaberto.univ-ab.pt 
  3. Gay, Peter. Modernism. Nova Iorque/Londres: W.W. Norton & Company Inc.; 2008. p. 40. in Vogt, Carlos. O Modernismo de Lévi-Strauss. 10/10/2009
  4. Gurian, Gabriel Ferreira; Notananda, V.; Schepens, J. (30 de setembro de 2016). «Notas sobre o consumo de haxixe pelos literatos parisienses do Clube dos Haxixins». Temporalidades – Revista de História. 2 (1): 285–305. ISSN 1984-6150. PMID 1984. Consultado em 9 de abril de 2022 

Textos na internet

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Ligações externas

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