Comissário de bordo
Este artigo ou secção contém uma lista de referências no fim do texto, mas as suas fontes não são claras porque não são citadas no corpo do artigo, o que compromete a confiabilidade das informações. (Maio de 2020) |
Um comissário de bordo ou simplesmente comissário é um oficial da marinha encarregado da administração, abastecimento e serviço de tripulantes e passageiros, a bordo de um navio. A mesma designação também é aplicada aos profissionais da aviação comercial encarregues da segurança e conforto dos passageiros a bordo de uma aeronave.
Marinha mercante
[editar | editar código-fonte]Na marinha mercante, um comissário é um oficial responsável pela gestão financeira e pela supervisão da administração e abastecimento do serviço de passageiros e tripulantes a bordo. Os serviços a cargo dos comissários constituem um departamento interno do navio formalmente designado "secção de câmaras" em Portugal e "seção de câmara" no Brasil.
Funções
[editar | editar código-fonte]Os comissários são responsáveis pela gestão do serviço de dos navios de passageiros. Quando um navio embarca mais do que um único oficial comissário, o de maior categoria pode ser designado "comissário-chefe" ou "primeiro-comissário". Os restantes são designados "segundos-comissários" e "terceiros-comissários".
Os pequenos navios de passageiros e os navios de carga normalmente não embarcam oficiais comissários, ficando a supervisão do serviço de câmaras a cargo de um despenseiro ou mesmo de um cozinheiro.
Como responsáveis pela gestão financeira e pelo serviço de câmaras de um navio de passageiros, os comissários coordenam programas de trabalho e gestão de meios (nomeadamente, orçamentos, despesas e receitas), recrutam e coordenam o pessoal de câmaras (elaborando horários de trabalho e definindo funções), organizam a distribuição dos lugares dos passageiros a bordo, elaboram pareceres sobre a estimativa de movimentos de passageiros e de abastecimentos, orientam e verificam o acondicionamento dos mantimentos e dos materiais dos serviços de alojamento e de restauração, supervisionam os serviços de restaurante, bar, comércio, animação e outros.
As funções de um comissário são muito semelhantes às de um gerente de hotelaria ou de restauração. Assim, sobretudo nos grandes navios de cruzeiro onde o serviço de câmaras está repartido por diversos departamentos mais especializados, os comissários assumem designações como "diretor" ou "gerente de hotel", "gerente de bar", "gerente de casino", etc.
Formação e carreira
[editar | editar código-fonte]Até recentemente, a carreira de comissário da marinha mercante constituía uma profissão regulamentada, à qual só podiam ter acesso profissionais certificados. Para se obter a certificação como comissário, era necessário a frequência de um curso especial numa escola náutica ou de formação de oficiais de marinha mercante.
Contudo e como a função de comissário não é uma das reguladas pela Convenção Internacional sobre Normas de Formação, de Certificação e de Serviço de Quartos (Convenção STCW), muitos países deixaram de a regular e de obrigar os seus profissionais a uma certificação específica. Assim, cada companhia de navegação passou a estar livre de contratar qualquer profissional para exercer as funções de comissário, desde que obedeça a certos critérios mínimos, um dos quais é o de ter um curso superior, normalmente na área da gestão e administração. Hoje em dia, por exemplo, é frequente a contratação de profissionais diplomados com cursos superiores de gestão hoteleira para exercerem a função de comissários.
Em Portugal, a carreira de oficial comissário da marinha mercante deixou de estar regulamentada quando da publicação das Normas Reguladoras da Atividade Profissional dos Marítimos de 2001.[1] Até então, a carreira incluía as categorias de praticante de comissário, comissário de 3ª classe, comissário de 2ª classe, comissário de 1ª classe e comissário-chefe. Para se aceder à categoria de praticante de comissário era necessário concluir o bacharelato do Curso Superior de Comissariado da Escola Náutica Infante D. Henrique. Para se atingir a categoria de comissário de 1ª classe ou superior, além da experiência profissional, era necessária a conclusão do Curso de Chefias da mesma escola.
Marinha de guerra
[editar | editar código-fonte]Apesar do termo "comissário" se aplicar, sobretudo aos oficiais de administração da marinha mercante, também é utilizado em algumas marinhas de guerra. Na Marinha de Guerra Portuguesa, por exemplo, os oficiais de administração naval eram designados "comissários navais'" até 1910, passando depois a ser designados pelas mesmas patentes que os oficiais da classe de marinha.[2][3] Já na Marinha do Brasil, os oficiais de administração foram designados "comissários" até 1933 e desde então são designados "intendentes".
Aviação comercial
[editar | editar código-fonte]Um comissário é o profissional que atua a bordo de aeronave, zelando pela segurança e conforto dos passageiros.
Quando do sexo feminino, este profissional é formalmente chamado "comissária" no Brasil e "assistente de bordo" em Portugal ou, popularmente, respectivamente "aeromoça" e "hospedeira do ar".
A categoria de comissário está incluída no grupo profissional designado "pessoal de cabine" ou "pessoal navegante comercial" ou até mesmo "tripulação", quando há um grupo de comissários.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Decreto-Lei 280/2001 (Estabelece as normas reguladoras da actividade profissional dos marítimos)
- ↑ Decreto de 28 de novembro de 1910 (Manda substituir as actuaes designações das differentes classes da armada pelas suas patentes, seguidas da designação das respectivas classes)
- ↑ Decreto de 26 de dezembro de 1910 (Introduz algumas modificações no decreto de 28 de novembro findo, relativo á designação dos officiaes das differentes classes da armada)